quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Dons do Espírito Santo

Quinto dom do Espírito Santo

e) Dom da ciência ou Conhecimento

A nossa reflexão, leva-nos hoje a falar de outro dom; o da Ciência ou conhecimento, graças ao qual nos é dado conhecer o verdadeiro valor das criaturas no seu relacionamento com o Criador. Sabemos que o homem contemporâneo, precisamente em virtude do desenvolvimento das ciências, está particularmente exposto à tentação de dar uma interpretação naturalista do mundo: diante da multiforme riqueza das coisas, da sua complexidade, variedade e beleza, ele corre o perigo de as absolutizar e quase divinizar, a ponto de torná-las o objetivo supremo da sua própria vida. Isto acontece, sobretudo quando se trata das riquezas, do prazer e do poder, que, por isso mesmo, se podem tirar das coisas materiais. São estes os principais ídolos, diante dos quais o mundo com muita freqüência se prostra. Para resistir a essa sutil tentação e para remediar as conseqüências nefastas a que ela pode levar, eis que o Espírito Santo socorre o homem com o dom da Ciência. É esta que o ajuda a avaliar retamente as coisas, na sua essencial dependência do Criador. Graças a ela, como escreve São Tomás de Aquino, o homem não estima as criaturas mais do que valem nem põe nelas sua confiança, mas em Deus, o fim da própria vida. Ele consegue assim descobrir o sentido teológico do universo criado, vendo as coisas como manifestações verdadeiras e reais, ainda que limitadas, da Verdade, da Beleza e do Amor infinito que é Deus, e, como conseqüência, sente-se impelido a traduzir esta descoberta em louvor, em canto, em oração e em agradecimento. É isto que tantas vezes e de múltiplos modos nos é sugerido pelo livro dos Salmos. Quem não recorda algumas dessas elevações? "Os céus proclamam a glória de Deus, o firmamento anuncia as obras das suas mãos"; "Louvai o Senhor, do alto dos céus, louvai-O nas alturas... Sol e lua louvai-O, estrelas luminosas louvai-O" (Sl. 148, 1.3). Iluminado pelo dom da Ciência o homem descobre ao mesmo tempo a distância infinita que existe entre as coisas e o Criador, a sua limitação intrínseca. É uma descoberta que o leva a perceber com mágoa a sua miséria e o impele a voltar-se, com maior impulso e confiança, para Aquele que é o único que pode satisfazer plenamente a necessidade de infinito que o atormenta.

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