Sétimo dom do Espírito Santo
g) O Dom do Temor de Deus
Hoje, desejo completar convosco a reflexão sobre os dons do Espírito Santo. Entre estes dons, último na ordem de enumeração, é o dom do Temor de Deus. A Sagrada Escritura afirma que "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria". Mas de que temor se trata? Não certamente daquele "medo de Deus" que impele a evitar pensar n'Ele, e de recordar-se d'Ele como alguma coisa ou alguém que perturba e inquieta. Foi este o estado de ânimo que, segundo a Bíblia, levou os nossos primeiros pais, depois do pecado a "esconderem-se do Senhor Deus, por entre o arvoredo do jardim"; foi este também o sentimento do servo infiel e mau, da parábola evangélica, que escondeu debaixo da terra o talento recebido. Mas este temor-medo não é o verdadeiro conceito, do temor-dom do Espírito. Trata-se aqui de algo muito nobre e elevado: é o sentimento sincero e inquieto que o homem experimenta diante da tremenda majestade de Deus. O crente apresenta-se e põe-se diante de Deus com o "espírito contrito" e com o "coração humilhado", bem sabendo que deve esperar a própria salvação "com temor e tremor". Isto, porém, não significa medo irracional, mas sentido de responsabilidade e de fidelidade à sua lei. Com este dom, todavia, o Espírito Santo infunde na alma, sobretudo o temor filial, que é sentimento enraizado no amor para com Deus: a alma preocupa-se então em não causar desgosto a Deus, amado como Pai, em não o ofender, em "permanecer" e crescer na caridade. Deste santo e justo temor, conjugado na alma com o amor para com Deus, depende toda a prática das virtudes cristãs e, de modo especial, da humildade, da temperança da castidade e da mortificação dos sentidos. Recordemos a exortação do Apóstolo Paulo aos seus cristãos: "Caríssimos, purifiquemo-nos de toda a imundície da carne e do espírito, realizando a obra da nossa santificação no temor de Deus". É uma advertência para todos nós que às vezes, com muita facilidade, transgredimos a lei de Deus, ignorando ou desafiando os seus castigos.
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