segunda-feira, 28 de maio de 2012



À espera de Pentecostes: Dons de conhecimento

Seguindo nossa série sobre Carismas, em preparação à Festa de Pentecostes vejamos a pregação da segunda manhã do ENF 2012, publicada na edição nº 73 da Revista Renovação.

À espera de Pentecostes: Dons de conhecimento

Eles nos ajudam a decidir melhor, evitar o erro, diagnosticar a raiz de certas situações e a tomar atitudes segundo a vontade de Deus. A sabedoria, o discernimento dos espíritos e a palavra de ciência são dons que fazem parte do cotidiano da vida carismática e, quando bem usados, são instrumentos poderosos para a edificação pessoal e comunitária. Diante de tamanha importância, nada mais conveniente que retormarmos um pouco tais dons para que o nosso pastoreio seja frutuoso.

Carisma da Palavra de Sabedoria

É um dom no qual o Espírito Santo nos revela qual deve ser o nosso comportamento, dando-nos clareza e direção para a vida, tendo sempre em vista a vontade de Deus. A sabedoria é de extrema importância em determinadas circunstâncias embaraçosas da vida, em momentos de aconselhamento e em situações concretas do nosso dia a dia como no matrimonio, na educação dos filhos, no trabalho, no relacionamento com os irmãos e na vida cristã.

Para entender melhor, podemos distinguir a sabedoria humana do dom carismático da sabedoria. A sabedoria humana é adquirida pelo conhecimento humano e pelas ciências. Todos podem ter acesso a ela, pois depende de esforço pessoal. Já o dom carismático da palavra de sabedoria é aquele que nos orienta em fatos concretos como um socorro de Deus e não depende de méritos pessoais, nem é fruto de dedução lógica ou raciocínio.


A palavra de Sabedoria tem uma intima ligação com o Dom de Ciência. O dom de ciência revela uma situação, um problema (dá o diagnóstico) O dom de Sabedoria nos ensina o como agir (indica o remédio).


Dom do discernimento dos espíritos

É um dom que permite identificar instantaneamente em nós, nas outras pessoas e na comunidade se o espírito que está impulsionando ou está influenciando uma atitude, desejo ou decisão é de Deus, de natureza humana ou maligna. É extremamente precioso para servos em geral, mas principalmente para quem exerce função de coordenação, pregação e animação de Grupo de Oração. Isso porque é comum a participação na assembleia de pessoas que, às vezes, na tentativa de ajudar acabam semeando a confusão.

Esse dom também nos ajuda a nos conhecermos melhor. Facilmente, pelo nosso pecado, prevalece na nossa forma de agir o espírito humano que deseja ser reconhecido, ter uma boa imagem, ter poder, agradar aos homens mais do que a Deus. Nesse sentido, vemos também que algumas vezes se dá grande ênfase para o mau, justificando muitas coisas como sendo fruto de contaminação espiritual. Entretanto, outros tipos de questionamentos também são fundamentais para o discernimento sobre determinada situação. Por exemplo: o que me leva a achar que não preciso mais preparar minhas pregações? O que me leva a dizer que sei tudo a ponto de não precisar mais de formação? Com o discernimento dos espíritos, podemos ver com clareza qual a motivação dos nossos atos.
Outro fator importante é que podemos considerar o Dom de Discernimento dos espíritos como o protetor dos outros Dons na medida em que nos orienta o quando e como orar em línguas, utilizar a palavra de profecia, o dom de cura entre outras coisas.

Dom de ciência

É o dom pelo qual temos uma revelação particular e momentânea de algo que só Deus conhece como fatos, acontecimentos do passado, lembranças dolorosas, problemas entre outros. O Dom de Ciência geralmente se manifesta após o ciclo carismático. A palavra, imagem, sentimento ou cena vem à mente sem que a pessoa tenha preparado, ou pensado.

O dom de ciência pode vir acompanhado pelo dom da palavra de sabedoria. O primeiro revela a situação e o segundo indica o como agir. Ele pode ser usado na oração pessoal, revelando fatos sobre a própria pessoa e ajudando na santificação.

O dom manifesta-se também quando oramos pelos outros, com imposição de mãos ou por uma assembleia, como no Grupo de Oração. Nessas situações, quando estamos rezando por alguém que tem um problema cujas causas são desconhecidas, é recomendável que os seguintes passos sejam seguidos:
1. Dialogue com a pessoa a fim de reunir o maior número possível de informações.

2. Veja em qual nível a enfermidade se encontra: No campo somático ( origem biológica), emocional ou espiritual.

3. Peça ao Senhor o Dom de Ciência.

4. Reze pela pessoa (oração em línguas, silêncio, partilha da escuta, oração pela cura.

5. Por fim, faça um louvor ao Senhor e conclua com alguma oração espontânea.
Por José Carlos Dias Carreiro
Coordenador estadual do Ministério de Pregação/MG
Grupo de Oração Obra Nova


À espera de Pentecostes: Dons da Palavra


Enquanto esperamos a grande festa de Pentecostes, tão significativa para nós, carismáticos, o portal RCCBRASIL recordará as pregações das manhãs do ENF 2012.

Dons da Palavra

O nosso chamado de apascentar as ovelhas se dá a partir daquilo que nós somos, da nossa identidade enquanto Movimento. Dentro desse contexto, nós sabemos que o tripé da identidade da RCC é o batismo no Espírito Santo, a vivência dos carismas e a vida em comunidade. Dessa forma, para bem pastorear, precisamos conhecer e aprofundar o uso dos carismas porque os dons do Espírito Santo multiplicam as possibilidades humanas de evangelização.

Nesse sentido, observamos que até no meio da RCC encontramos pessoas com dificuldades para se abrirem aos carismas. Em relação a isso, é importante lembrarmos que eles são dons gratuitos e, por isso, por serem unicamente graça de Deus, precisam ser sempre acolhidos. Um trecho da Constituição Dogmática Lumen Gentium ajuda a esclarecer essa questão. “Além disso, este mesmo Espírito Santo não só santifica e conduz o Povo de Deus por meio dos sacramentos e ministérios e o adorna com virtudes, mas distribuindo a cada um os seus dons como lhe apraz, distribui também graças especiais entre os fiéis de todas as classes, as quais os tornam aptos e dispostos a tomar diversas obras e encargos, proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja, segundo aquelas palavras; a cada qual se concede a manifestação do Espírito em ordem ao bem comum. Estes carismas quer sejam os mais elevados, quer também os mais simples e comuns, devem ser recebidos com ação de graças e consolação, por serem muito acomodados e úteis às necessidades da Igreja”.( LG 12)

A Palavra de Deus também nos ajuda a entender melhor a importância dos carismas. Os capítulos 12, 13 e 14 da primeira carta de São Paulo aos Coríntios podem ser entendidos como o manual da vida carismática. É interessante atentarmos para o contexto social em que viviam os destinatários dessa epístola. Corinto era uma cidade portuária, muito populosa e marcada pela luxúria. Nesse lugar de grandes dificuldades de evangelização, Paulo escolhe o tema carismas para falar ao povo, pois esses são dons úteis para a vida da Igreja e confirmam a pregação. Hoje em dia, ao observarmos o contexto social em que estamos inseridos, também percebemos a nossa necessidade de que o Espírito Santo distribua os carismas para que a nossa evangelização seja acompanhada de sinais. E os carismas ou dons da Palavra são importantes instrumentos para uma evangelização de poder. Vejamos um pouco mais sobre cada um deles.
  
Dom das línguas
  
Dizem que a oração em línguas é o menor dos dons. Mas quando a experimentamos, creio que não seja mais possível dizer isso. É o próprio Espírito orando em nós e por nós, você acha isso pouco? A oração em línguas é um dom que serve para a edificação da própria pessoa e no qual não há conceitos humanos. Entretanto, é possível darmos uma intenção para a nossa oração, fala ou canto em línguas e assim o dom ajuda a nos comunicarmos melhor com o Senhor.

Dom de Profecia

A profecia dá a conhecer a vontade de Deus sobre determinada situação. Através da profecia, Deus nos exorta, corrige e anima e a mensagem sempre deve ser confirmada pela assembleia. É relevante lembrar também que a verdadeira profecia sempre orienta para Cristo e que não contraria e nem acrescenta nada ao que nos revelam as Escrituras e o Magistério da Igreja.

Outro elemento fundamental para o exercício desse carisma é sabermos silenciar interiormente para poder escutar a Deus. Precisamos cultivar momentos de silêncio interior para aprendermos qual é a forma que Deus escolhe para se comunicar com nós. Pois Deus respeita o nosso jeito de ser e fala de uma forma especial com cada um. Da mesma maneira, precisamos cultivar momentos de silêncio e escuta profética durante a vivência do ciclo carismático em nossos Grupos de Oração.

Dom de Interpretação das línguas

Esse carisma não se trata da uma capacidade de tradução, mas da faculdade de perceber o sentido da oração ou da profecia pronunciada em línguas. Com isso, podemos perceber o que o Senhor quer dizer em uma determinada circunstância. Quando alguém fala em línguas na assembleia, o silêncio que se segue prepara o clima para a intervenção do carisma profético da interpretação que exorta, edifica e consola.

Que o nosso coração esteja sempre aberto para receber os carismas e que esses fecundem a nossa missão, como rezou o Papa Paulo VI, em 10 de outubro de 1974: “que Deus conceda, que o Senhor deixe novamente cair uma chuva de carismas para fazer a Igreja fértil, bela, admirável, capaz de comover, de atrair a atenção maravilhada até do mundo profano com sua tendência ao secularismo.”
 
Por Lázaro Praxedes
Coordenador Nacional do Ministério de Pregação
Grupo de Oração Fonte de Água Viva

À espera de Pentecostes: Dons de Poder ou carismas das obras

É inegável, estamos vivendo um tempo especial de graça em nosso Movimento, tempo em que Deus tem derramado uma unção especial sobre nós e nos impulsiona a dar a vida pelo anúncio profético da sua Palavra. Esse também é um tempo oportuno para vivermos o exercício dos carismas em nossa vida de oração pessoal, na vida familiar -e nos nossos Grupos de Oração. A vivência dos carismas faz parte da nossa identidade, do nosso rosto e nós precisamos fazer uso desses presentes que Deus nos deu. Os carismas das obras são, de fato, sinais da ação poderosa de Deus nas nossas vidas e nunca é demais saber sobre eles.


Para compreender bem o dom da fé podemos fazer três divisões: fé teologal, fé virtude e fé carismática. A fé teologal é aquela em que a pessoa acredita que Deus existe e nas verdades da Igreja. Já fé virtude faz o homem confiar plenamente na realização das promessas de Deus e a viver os ensinamentos de Deus por amor e não como obrigação. Por fim, a fé carismática é aquela fé expectante, que opera maravilhas pelo poder do nome de Jesus, que até mesmo é capaz de fazer obras maiores do que o próprio Senhor fez (Jo 14,12).

Exercitar a fé carismática é acreditar antecipadamente na graça de Deus agindo. É aquela certeza que Deus pode intervir, ainda que eu não veja imediatamente o fruto da oração. Ao me preparar para falar sobre esse tema no ENF 2012, entendi um pouco mais sobre a fé através da figura de um telefone celular. Quando esse aparelho não está exercendo sua função que é de telefonar, mandar mensagem de texto ou realizar outras operações, ele está em stand by e não serve para nada. Dessa mesma forma podemos olhar para os Grupos de Oração. Muitos deles estão estagnados e não estão exercendo sua função. Precisamos “tirar a nossa fé do stand by” para que nossos Grupos sejam aquilo que Deus os criou para ser.

Cura

O dom da cura foi-nos conferido pelo próprio Jesus quando nos envia com o mandato missionário (Mc.16,15-18). A cura se faz necessária desde que o homem rompeu com Deus, pelo pecado das origens, o plano que Ele tinha para nós. Precisamos de cura física, espiritual e emocional, cura das doenças, cura dos traumas e libertação do mal. Todos nós temos traumas e todos nós precisamos ser curados. Há muita necessidade de cura em nossos Grupos de Oração. Estamos amarrados e não conseguimos caminhar direito por conta desses traumas. Por isso, o primeiro passo é promover a cura dos servos, cuidando das ovelhas do Senhor.

Diferente do que alguns pensam exercer o dom da cura é para todos nós, pois a graça é garantida pelo poder do nome de Jesus e não depende de habilidades pessoais. Entretanto, é de extrema importância que usemos o dom com responsabilidade, equilíbrio e organização. Isso significa adquirir conhecimento, estudar sobre o tema para depois estar preparado adequadamente.

Milagres

Os milagres são a intervenção extraordinária de Deus na vida humana. Eles atestam que Deus está realmente presente no meio do seu povo e são consequência do exercício da fé carismática. Diferentemente da cura, que pode acontecer também com o auxílio da medicina,os milagres ocorrem quando não há mais possibilidades de um quadro ser revertido pela ciência. Podemos vivenciar milagres no hoje da nossa vida e o lugar privilegiado para isso é o nosso Grupo de Oração.  

Encontros grandes, eventos nacionais e internacionais são ótimos, mas onde os milagres precisam acontecer é dentro de nossos Grupos.

O tempo que Deus escolheu para nós é este. Se Ele nos chamou a vivê-lo é porque quer nos dar todos os seus dons. Clamemos e veremos a glória de Deus. Apascentemos as ovelhas do Senhor com prodígios, milagres e sinais!

Por Frantieska Rangel
Coordenadora Estadual do Ministério de Pregação – ES
Grupo de Oração Emmauel


Os Sete Dons do Espírito Santo

 Jesus, o filho Unigênito do Pai, é o Cristo, o Ungido! Veio a nós, diz o Evangelho de São João, porque “Deus amou o mundo de tal maneira que lhe deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha a vida eterna, pois Deus não enviou seu filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. Ele se encarnou, no seio da virgem Maria, por obra do Espírito Santo; sua vida pública iniciou-se quando o Espírito se manifestou “em forma de pomba” sobre a sua cabeça. Conduzido pelo Espírito Santo, Jesus foi ao deserto, e cheio da força do Espírito Santo Jesus foi a Nazaré e levantou-se para ler as seguintes palavras:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor”.
Por meio de sua imolação na cruz, Jesus resgatou para Deus, ao preço de seu sangue, homens de toda tribo, língua, povo e raça, e deles fez para nosso Deus um reino de sacerdotes, que reinarão sobre a terra (Cf. Apo 3, 9-10). Esta graça, por sua vez, é-nos comunicada por meio do Sacramento do Batismo (Baptizein, no grego, significando imersão, submersão) “ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte?”, pergunta o Apóstolo Paulo aos Romanos. O Apóstolo prossegue: “Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova. Se fomos feitos um mesmo ser com ele por uma morte comum ressurreição” (Cf. Rm 6, 4-5).
O Sacramento do Batismo é a fonte da graça santificante, a “in-habitação” do Espírito Santo, tornando-nos Seu Templo! É o Espírito do Filho Unigênito que nos faz clamar “Abbá, Pai”.
Atentemos, contudo, para o versículo quinto do capítulo sexto da carta aos Romanos: “Somos feitos o mesmo ser com ele”! O Espírito de Filiação (posto que pertence ao filho unigênito), é dado a nós, e o seu efeito é como que um “enxerto na Videira Verdadeira”. Somos “assimilados”, integrados ao próprio Cristo, formando um só Corpo com Ele. Tudo o que Ele é e tudo o que Ele conquistou passa a ser nossa Herança, graças ao Seu Espírito que nos anima!
O Apóstolo João diz, no Capítulo quinto, versículo sexto do Apocalipse: “Eu vi no meio do trono, dos quatro Animais e no meio dos Anciãos um Cordeiro de Pé, como que imolado. Tinha ele sete chifres e sete olhos que são os sete Espíritos de Deus, enviados por toda a Terra”. Este Espírito, que habita no Cordeiro, possui sete graças, sete dons que nos configuram a Jesus Cristo (principal missão do Espírito).

“Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor”, diz o Profeta Isaías, e prossegue narrando os “Sete Espíritos de Deus”: “... Espírito de Sabedoria e de Entendimento, Espírito de Prudência e de Coragem, Espírito de Ciência e de Temor ao Senhor. (Sua alegria se encontrará no temor ao Senhor)”. À lista desta versão da bíblia com os seis dons, a versão da Vulgata e a tradução grega dos 70 (Septuaginta) acrescem a piedade, eliminando a dupla menção do temor de Deus e obtendo assim o número de sete.
Quando recebemos o Sacramento do Batismo, portanto, somos agraciados pelos dons desta “in-habitação”, chamados, por isso, de Dons de Santificação. Recebemos o Espírito de Cristo que atua em nós num processo de configuração com a Pessoa do Filho Unigênito, através da ação dos Seus sete dons.
Entre os dons do Espírito Santo, o dom da Ciência ocupa o primeiro lugar, pela sua importância na vida espiritual. O dom da Ciência faz com que se substitua a mentalidade mundana, isto é, meramente humana, pela maneira de ver de Deus. A alma passa então a julgar todas as coisas à luz da fé, e compreende com toda a nitidez o fim sobrenatural do homem e a necessidade de subordinar-lhe todas as realidades terrenas.
O dom do Conselho tem por finalidade aperfeiçoar a virtude da prudência, fazendo com que a alma possa discernir de imediato o que deve fazer ou deixar de fazer, tanto no que diz respeito à sua própria conduta como à do próximo. Trata-se como que de um conjunto de raciocínios iluminados pela graça de Deus que nos mostra de maneira nítida e precisa o que convém fazer ou evitar de fazer em determinadas circunstâncias. Esse “golpe de vista” tão preciso, é resultado do estudo e da reflexão, mas é também como que um “instinto sobrenatural” que provém do dom do Conselho.
O dom do Entendimento é uma disposição sobrenatural da alma que lhe permite captar e compreender de maneira extremamente clara e como que por intuição determinados mistérios de nossa fé ou até mesmo passagens das Sagradas Escrituras. Sob o influxo desse dom a alma penetra de maneira extremamente clara nos mistérios revelados, capta o alcance das verdades mais profundas da fé, deixa-se conduzir por caminhos de uma oração sempre mais vivenciada.
O dom da Sabedoria pode ser definido como uma disposição sobrenatural da inteligência que leva a dar valor àquilo que diz respeito às coisas de Deus e à glória de seu nome. " A sabedoria vale mais que as pérolas e jóia alguma a pode igualar " (Prov 8, 11). O dom da sabedoria não se aprende nos livros, mas é comunicado à alma pelo próprio Deus, que ilumina e enche de amor a mente, o coração, a inteligência e a vontade.
O dom da Piedade consiste numa disposição sobrenatural da alma que a inclina, sob a ação do Espírito Santo, a comportar-se nas suas relações com Deus como uma criança muito carinhosa se comporta com seu pai, por quem se sabe imensamente amada e querida.
O dom da Fortaleza é a capacidade que o Espírito Santo nos dá de viver e suportar as provações e de uni-las às provações de Cristo. A alma totalmente entregue ao Espírito Santo encontra, no dom da Fortaleza, uma disposição sobrenatural que a torna capaz de empreender as ações mais difíceis e de suportar as provas mais duras por amor a Deus e pela glória de seu nome.
O dom do Temor de Deus é uma disposição sobrenatural da alma que a faz experimentar um imenso respeito por Deus e uma complacência sem limites na sua bondade de Pai. Não se trata de temor servil, nem de temor de desagradar, mas de temor reverencial: Deus é tão grande, tão todo-poderoso, que queremos servi-lo e amá-lo de todo coração porque Ele é nosso Tudo.
"Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim " (Gal 2,20)
Fonte: Marcos Volcan - Informativo ICCRS

sábado, 26 de maio de 2012


Padre Françoá Costa

Pentecostes

Espírito Santo: Senhor e doador de vida!



O Espírito Santo foi chamado alguma vez de “O Grande Desconhecido” (São Josemaria Escrivá, Caminho, 57). Isso me faz lembrar aquela passagem dos Atos dos Apóstolos na qual Paulo ao chegar a Éfeso, ao conversar com alguns discípulos lhes pergunta: “Recebestes o Espírito Santo, quando abraçastes a fé?” Respondem eles da seguinte maneira: “Mas nem sequer ouvimos dizer que existe um Espírito Santo” (At 19,2). Dá a impressão muitas vezes que alguns cristãos nem sabem se existe um Espírito Santo. Quem é o Espírito Santo? é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, é “o Senhor e Doador de Vida, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho recebe uma mesma adoração e glória e que falou pelos profetas”. O Espírito Santo é Deus, como o Pai é Deus e como o Filho é Deus. Ele é o Paráclito, o Consolador, enviado por Cristo para comunicar-nos a vida divina. É ele quem nos introduz no Mistério de Cristo, é ele quem nos dá a graça, as virtudes da fé e da esperança e da caridade, os dons e os frutos. Quem é o Espírito Santo? É aquele que mora em você, o doce hóspede da sua alma, foi ele quem o fez templo de Deus, filho de Deus, membro da Igreja, quem lhe deu a salvação, a justificação e a vida eterna. “Desde o nascimento da Igreja, é ele quem dá a todos os povos, o conhecimento do verdadeiro Deus; e une, numa só fé, a diversidade da raças e línguas” (prefácio de Pentecostes).


Não podemos ignorar o Espírito Santo e seu poder. Quando o Espírito Santo vem habitar em nós vem com o Pai e com o Filho.

Santa Teresa conta que, ao considerar certa vez a presença das Três divinas Pessoas na sua alma, “estava espantada de ver tanta majestade em coisa tão baixa como é a minha alma”, e então o Senhor disse-lhe: “Não é baixa, minha filha, pois está feita à minha imagem” (Santa Teresa, Contas de consciência, 41, 2). Nós fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Quis Deus que essa semelhança fosse semelhança mesmo e nos fez participar de sua natureza divina. É pelo Espírito Santo que nós participamos da natureza divina. “Como não dar graças a Deus pelos prodígios que o Espírito não cessou de realizar nestes dois milênios de vida cristã? O evento de graça do Pentecostes tem, com efeito, continuado a produzir os seus maravilhosos frutos, suscitando em toda a parte ardor apostólico, desejo de contemplação, empenho em amar e servir com total dedicação a Deus e aos irmãos. Ainda hoje o Espírito alimenta na Igreja gestos pequenos e grandes de perdão e de profecia, dá vida a carismas e dons sempre novos, que atestam a Sua ação incessante no coração dos homens” (João Paulo II, Homilia do Domingo de Pentecostes de 1998).

Pentecostes já era uma festa celebrada pelos judeus cinquenta dias depois da Páscoa. No começo era uma festa na qual se dava graças a Deus pela colheita da cevada e do trigo, era uma festa agrícola. Já no século I, porém, tornou-se a festa que celebrava a aliança (o dom da lei e a constituição do Povo de Deus). Cinquenta dias depois da Páscoa, os discípulos de Cristo recebem o Espírito Santo, a lei na nova aliança no sangue de Jesus. Também o Espírito Santo constitui a nova comunidade do Povo de Deus, a Igreja.

Nela, todos devem estar unidos em Cristo e na força do Espírito Santo. As línguas de Pentecostes significam essa unidade do Povo de Deus. Pentecostes é, então, o reverso de Babel (cf. Gn 11,1-9); em Babel, a dispersão, aqui, a unidade. O Espírito Santo, que é o amor do Pai e do Filho, é também amor entre nós. Lembremo-nos que é sempre o amor que une os corações. O amor, por ser conhecido propriamente somente pelos que se amam, é sempre muito discreto. Daí a discrição do Espírito Santo: sua missão é levar a Palavra de Jesus, ajudar a Igreja para que anuncie destemidamente a Palavra da salvação, Jesus Cristo. Isso condiz com o Espírito Santo que é amor, já que o autêntico amor sempre pensa mais no outro que em si mesmo.

A Igreja precisa estar unida. Hoje terminamos a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos; findamos a semana, não a oração pela unidade dos cristãos. Todos nós, discípulos de Cristo, precisamos – é importante para nós e para a evangelização – viver bem unidos: uma só fé, os mesmos sacramentos, um só governo: o do Papa e o dos Bispos em comunhão com ele. A divisão é vergonhosa para nós. “Celebrai, pois, este dia como membros do único corpo de Cristo. E não o celebrareis em vão, se realmente sois aquilo que celebrais, isto é, se estais perfeitamente incorporados naquela Igreja que o Senhor enche do Espírito Santo e faz crescer progressivamente através do mundo inteiro. (…) Esta é a casa de Deus, edificada com pedras vivas. Nela o Eterno Pai gosta de morar; nela seus olhos jamais devem ser ofendidos pelo triste espetáculo da divisão entre seus filhos” (Dos Sermões de um Autor africano anônimo do séc.VI).

As línguas de fogo no dia de Pentecostes simbolizam a unidade da Igreja, ela falaria todas as línguas com a sua expansão; no entanto, essa que falaria todas as línguas encontra-se toda ali, unida. Essas línguas são de fogo. “O fogo simboliza a energia transformadora do Espírito Santo” (Cat. 696). Também ao Espírito Santo poderia aplicar-se o simbolismo da água, que significa “o nascimento e a fecundidade da vida dada no Espírito Santo” (Id.). Nós experimentamos a água e o fogo, ao mesmo tempo. Nascemos da água e do Espírito no nosso Batismo (cf. Jo 3,5), a partir daí o Espírito Santo começa uma ações muito especiais em nós que vai transformando-nos mais e mais. São Basílio fala-nos da importância de estar com o Espírito Santo, ou melhor, de que o Espírito Santo esteja em nós: “Por estarmos em comunhão com Ele, o Espírito Santo torna-nos espirituais, recoloca-nos no Paraíso, reconduz-nos ao Reino dos céus e à adoção filial, dá-nos a confiança de chamarmos Deus de Pai e de participarmos na graça de Cristo, de sermos chamados filhos da luz e de termos parte na vida eterna” (Liber de Sp. Sancto, 15,36, em Cat. 736).

Antes de Pentecostes, “Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus” (At 1,14). Peçamos nós também, em união com toda a Igreja e com Maria, Mãe de Igreja: Vinde, Espírito Santo!

Pe. Françoá Costa





Mons. José Maria Pereira

Pentecostes

Missão do Espírito Santo

 Com a Solenidade de Pentecostes encerramos o Tempo Pascal.

Pentecostes era uma das grandes festas judaicas; muitos israelitas iam nesses dias em peregrinação a Jerusalém, para adorar a Deus no Templo. A origem da festa remontava a uma antiqüíssima celebração em que se davam graças a Deus pela safra do ano, em vésperas de ser colhida. Depois acrescentou-se a essa comemoração, que se celebrava cinqüenta dias depois da Páscoa, a da promulgação da Lei dada por Deus no monte Sinai. Por desígnio divino, a colheita material que os judeus festejavam com tanto júbilo converteu-se, na Nova Aliança, numa festa de imensa alegria: a vinda do Espírito Santo com todos os seus dons e frutos.

Hoje é a plenitude do Mistério Pascal, com o Dom do Espírito Santo à Igreja. É o nascimento da Igreja. O Pentecostes é o cumprimento da promessa de Jesus: “… se Eu for, enviá-lo-ei” (Jo 16,7);
 
No dia de Pentecostes, os Apóstolos foram robustecidos na sua missão de anunciarem a Boa Nova a todos os povos. Todos os cristãos têm desde então a missão de anunciar, de cantar as maravilhas que Deus fez no seu Filho e em todos aqueles que crêem nEle. Somos agora um povo santo para publicar as grandezas dAquele que nos tirou das trevas para a sua luz admirável.
Ao compreendermos a grandeza da nossa missão, compreendemos também que ela depende da nossa correspondência às moções do Espírito Santo, e sentimo-nos necessitados de pedir-lhe freqüentemente que lave o que está manchado, regue o que está seco, cure o que está doente, acenda o que está morno, retifique o que está torcido. Porque sabemos bem que no nosso interior há manchas, e partes que não dão todo o fruto que deveriam porque estão secas, e partes doentes, e tibieza e também pequenos desvios, que é necessário retificar.

Não se pode conceber vida cristã nem Igreja sem a presença e a ação do Espírito Santo.

Depois que Jesus completou a sua obra, constituído Senhor a partir de sua ressurreição, envia ao mundo o seu Espírito, o Espírito do Pai. Conforme São João (Cf. Jo 20,19-23), Jesus comunica o seu Espírito, o mesmo Espírito que Ele entregou ao Pai no dia da ressurreição. Para isso, sopra sobre eles, transmitindo-lhes a vida nova, a força, o Espírito Santo: “Recebi o Espírito Santo…” e o Dom do Perdão e da Reconciliação.

O Espírito Santo nos conduz à vida de oração. A vida cristã requer um diálogo constante com Deus Uno e Trino, e é a essa intimidade que o Espírito Santo nos conduz. Acostumemo-nos a procurar o convívio com o Espírito Santo, que é quem nos há de santificar; a confiar nEle, a pedir a sua ajuda, a senti-lo perto de nós. Assim se irá dilatando o nosso pobre coração, teremos mais ânsias de amar a Deus e, por Ele, a todas as criaturas.

A chama do Espírito Santo transformou totalmente os apóstolos… Que essa mesma chama ilumine e aqueça a nossa vida no caminho da Unidade, do Bem e da Verdade…

“O Espírito Santo vem em socorro à nossa fraqueza”, diz S. Paulo (Rom. 8,26). Diz São João da Cruz que o Espírito Santo, com a sua chama está ferindo a alma, gastando e consumindo-lhe as imperfeições dos seus maus hábitos.

Para chegarmos a um convívio mais íntimo com o Espírito Santo, aproximemo-nos da Virgem Maria, que soube secundar como ninguém as inspirações do Espírito Santo. “Perseveravam unânimes na oração, com algumas mulheres e com Maria, a Mãe de Jesus” (At 1,14).

Por isso, cantemos: Vem, vem, vem, vem Espírito Santo de Amor, vem a nós, traz à Igreja em novo vigor.

Mons. José Maria Pereira


Dom Henrique Soares da Costa
 Pentecostes
At 2,1-11; Sl 103;Gl 5,16-25;Jo 20,19-23


Caríssimos, estamos no sagrado Pentecostes. Frequentemente, o sentido profundo da hodierna solenidade é passado por alto. Diz-se simplesmente: hoje o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos no Cenáculo e a Igreja iniciou sua missão pública. Eis: é tudo! E, no entanto, isso é dizer tão pouco! É muito mais rico e profundo o Mistério que hoje celebramos! Eis alguns dos seus principais aspectos:

Primeiramente, com esta Solenidade encerramos o Tempo Pascal, aqueles cinqüenta dias que a Igreja celebra como se fosse um só dia, santo e glorioso, o Dia da Ressurreição. Pois bem: é o Senhor ressuscitado, pleno do Espírito Santo que o Pai derramou sobre ele, que hoje nos doa o seu Espírito. Nunca esqueçamos: o dom do Espírito é o fruto excelente e principal da Páscoa de Cristo: é no Espírito que nossos pecados são perdoados, é no Espírito que o fruto da paixão e morte de Cristo nos é dado, é no Espírito que somos transfigurados à imagem de Cristo Jesus. Sem o Espírito, de nada valeria para nós tudo quando Jesus por nós disse e fez! Se hoje, na primeira leitura, o Espírito aparece agindo de modo tão vistoso e barulhento no Cenáculo de Jerusalém (como a tempestade, o terremoto e a erupção vulcânica descritos no Sinai – cf. Ex 19,3-20), é para que nós compreendamos que ele age em nós constantemente, discreto e suave, como a brisa que passou diante de Moisés e Elias, fazendo-os encontrar a Deus! Eis, portanto: o Espírito é dado pelo Cristo ressuscitado, que o soprou sobre a Igreja no próprio Dia da Ressurreição – como escutamos no Evangelho de hoje -, e continua a soprá-lo sobre nós, no sinal visível da água no sacramento do Batismo e do óleo, na santa Crisma. No Cenáculo, no dia mesmo da Páscoa, os Apóstolos foram batizados no Espírito e tornaram-se cristãos; do mesmo modo, no nosso Batismo, banhados pela água, símbolo do Espírito, nós também recebemos em nós o Espírito de Cristo e nos tornamos cristãos, templos do Santo Espírito, chamados a viver uma vida segundo o Espírito de Cristo. Por isso, o conselho de São Paulo: “Procedei segundo o Espírito e não satisfareis os desejos da carne”. O cristão, caríssimos, vivendo no Espírito desde o Batismo, já não vive mais segundo a carne, isto é, segundo a mentalidade deste mundo, segundo o pecado. Agora, ele é impulsionado pelo Espírito de Cristo, crescendo cada vez mais nos sentimentos do Senhor Jesus. Isto é a obra do Espírito, que nos vai cristificando, dando testemunho de Cristo em nós (cf. Jo 15,26), conduzindo cada um de nós e a Igreja inteira à plena verdade de Cristo (cf. Jo 16,13). Portanto, é somente porque somos sustentados pelo Espírito, que podemos crer com toda certeza que Jesus está vivo e é Senhor e que Deus, o Pai de Jesus, é também nosso Pai, porque nos deu o Espírito do Filho, que nos faz filhos (cf. Rm 8,16).

Foi este Espírito Santíssimo, que Jesus, glorificado pelo Pai, fez descer de modo portentoso em Pentecostes, a festa judaica da Lei. O Espírito de amor é a nova lei, a Lei do cristão, pois “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo seu Espírito quem os foi dado” (Rm 5,5)! Observai, caríssimos, o sentido profundo daquele acontecimento, cinquenta dias após a Páscoa, em Jerusalém! O Espírito encheu de coragem e vigor os apóstolos, de modo que eles abriram as portas e, ao lado de Pedro, o Chefe da Igreja, deram publicamente testemunho de Cristo. A Igreja abriu as portas para nunca mais fechar; falou por Pedro para nunca mais se calar! É, portanto, na força do Espírito, que a Mãe católica iniciou publicamente sua missão de levar o Evangelho a todos os povos. Mais ainda: vede como o Espírito atrai e reúne línguas e pessoas tão diversas. Estavam em Jerusalém judeus vindos de várias partes do Império romano, judeus que não falavam mais o hebraico nem conheciam o aramaico; e, no entanto, compreendiam o que os apóstolos falavam, como se fosse na sua própria língua! É o Espírito quem reúne o que está disperso, é o Espírito quem conserva a unidade, é o Espírito quem, na unidade, faz permanecer a rica diversidade das línguas, culturas e mentalidades, sempre para a glorificação do Senhor Jesus! É o Espírito quem embriaga de alegria, como um vinho bom, o vinho do Reino, o vinho novo de Caná da Galileia, que tomou o lugar da velha água da Lei de Moisés! É o Espírito quem impele a Igreja para a missão, testemunhando Jesus pela proclamação da Palavra, pela celebração dos santos sacramentos e pelo testemunho santo da vida dos cristãos que, sustentados por este Santo Paráclito, são capazes de dar a vida por Jesus e com Jesus.

Eis, caríssimos, o sentido da Festa de hoje! É a solenidade que nos faz retomar a consciência do papel e da missão do Santo Espírito na vida da Igreja e na nossa vida. Sem o Espírito, a Igreja seria somente a Fundação Jesus de Nazaré, que recordaria alguém distante e ficado no passado. Sem o Espírito, a vida dos cristãos seria apenas um moralismo opressor, tentativa inútil de colocar em prática mandamentos exigentes que o Senhor nos deu. Sem o Espírito, a evangelização seria apenas uma propaganda, um exercício de marketing… Sem o Espírito, a nossa esperança seria em vão, porque o que nasce da carne é apenas carne, e nossa alma e nosso corpo jamais alcançariam a Deus, que é Espírito! Mas, caríssimos meus, no Espírito, tudo tem sentido, tudo se enche de profunda significação: com o Espírito, a Igreja é o Corpo vivo de Cristo, no qual os membros recebem a vida que vem da Cabeça, a seiva que vem do Tronco, que é Cristo; com o Espírito, Jesus está vivo entre nós e nós o recebemos de verdade em cada sacramento que celebramos; com o Espírito, os mandamentos podem ser cumpridos na alegria, porque o Espírito nos convence que eles são verdadeiros e libertadores e nos dá, no amor de Cristo, a força para tentar cumpri-los na generosa alegria; com o Espírito, a obra da evangelização é testemunho vivo do Senhor Jesus, dado com a convicção de quem experimentou Jesus; com o Espírito, já temos a garantia, o penhor da ressurreição, pois comungamos a Eucaristia, alimento espiritual, que nos dá a semente da vida eterna.

Que nos resta dizer? Só nos resta, admirados, suplicar: Vem, ó Santo Espírito! Enche o nosso coração, cristifica a nossa pobre existência mortal! És consolo que acalma, és hóspede da alma, és alívio dulcíssimo, és descanso no labor, refrigério no calor, és consolo na aflição! Ó Santo Espírito, lava nossa sujeira, refrigera nossa secura, cura nosso coração doente! Dobra nossa dureza, ilumina nossa treva, dá-nos o gosto pelas coisas de Deus e o aborrecimento pelo pecado; aquece nossa frieza! Tu, Espírito de Cristo, sê alento, força e vida divina, doce penhor do mundo que há de vir e que durará na eterna alegria do Pai e do Filho em vós, pelos séculos dos séculos.

Amém.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

TEXTOS BÍBLICOS QUE FALAM DA BATISMO NO ESPIRITO SANTO

Em decorrência de dúvidas surgidas no que significa o batismo com o Espírito Santo, avaliemos os textos inerentes abaixo transcritos.

TEXTOS INERENTES:

(1) - Mateus 3:11 Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.

(2) - Marcos 1:8 Eu vos tenho batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo.

(3) - Lucas 3:16 ...disse João a todos: Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.

(4) - João 1:33 Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo.

(5) - Atos 1:5 Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.

(6) - Atos 11:16 Então, me lembrei da palavra do Senhor, quando disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo.

(7) - Efésios 1:13 ...em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa;

(8) - Efésios 4:30 E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.

(9) - 1ª Coríntios 12:13 Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito

(10) - 1ª Coríntios 12:8 Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; 9 aoutro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; 10 a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las.

Pe. Lauro

terça-feira, 22 de maio de 2012



MISSA DO ESPÍRITO SANTO 
 Origem da missa do Espírito Santo

Essa missa eu implantei na Paróquia para mostrar e demonstrar meu Amor a Santíssima Trindade. Ao celebrar a missa procurei dar um enfoque ao Espírito Santo como Pessoa Divina, capaz de renovar os corações e a face da terra. Desde o seu início essa celebração foi muito contagiante, causando alegria aos corações e grande bem estar ás pessoas e conforto espiritual.

As palavras,“Por Cura e Libertação” foi um acréscimo ao título da missa. Eu nunca tinha participado de missa de cura e libertação, não tinha noção alguma, e não entendia nada a esse respeito. Mas o que aconteceu? Só sei que na celebração da segunda missa do Espírito Santo começou ocorrer curas, derrepente senti um mover interior e um censo de uma certeza infalível sobre as curas e comecei espontaneamente proclamá-las, daí para frente não parou mais. Por essa razão que definimos essa celebração como: Missa do Espírito Santo por Cura e Libertação.  A oração por Curas e Libertação é parte integrante da missa, rogamos verdadeiramente a Deus pela cura das pessoas. 


Entre vários assuntos que escrevi sobre essa missa está aqui um pequeno resumo sobre a origem da mesma.  

Essa missa é celebrada todos os meses

Pe. Lauro Lepos da Silva
Pároco da Matriz São Benedito e São Crsitóvão
Birigui. 


O PURGATÓRIO

A Igreja chama de purgatório esta purificação final dos eleitos

Desde os primórdios a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Mt 28,20; Jo 14,15.25; 16,12´13), acredita na purificação das almas após a morte, e chama este estado, não lugar, de Purgatório.

Ao nos ensinar sobre esta matéria, diz o nosso Catecismo:

“Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu” (CIC, §1030).

Logo, as almas do Purgatório “estão certas da sua salvação eterna”, e isto lhes dá grande paz e alegria. Falando sobre isso, disse o Papa João Paulo II:

“Mesmo que a alma tenha de sujeitar-se, naquela passagem para o Céu, à purificação das últimas escórias, mediante o Purgatório, ela já está cheia de luz, de certeza, de alegria, porque sabe que pertence para sempre ao seu Deus.” (Alocução de 3 de julho de 1991; LR n. 27 de 7/7/91)

O Catecismo da Igreja ensina que:

“A Igreja chama de purgatório esta purificação final dos eleitos, purificação esta que é totalmente diversa da punição dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório principalmente nos Concílios de Florença (1438-1445) e de Trento (1545-1563)” (§ 1031).

“Este ensinamento baseia-se também sobre a prática da oração pelos defuntos de que já fala a Escritura Sagrada: Eis porque Judas Macabeus mandou oferecer este sacrifício expiatório em prol dos mortos, a fim de que fossem purificados de seu pecado (2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em favor dos mesmos, particularmente o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos”.

Devemos notar que o ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus, cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus. Narra-se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés. Então Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. O autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, louva a ação de Judas:

“Se ele não esperasse que os mortos que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido afim de que fossem absolvidos do seu pecado”. (2 Mac 12,44s)

Neste caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência, que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé.

Todo homem foi criado para participar da felicidade plena de Deus (cf. CIC, 1), e gozar de sua visão face-a-face. Mas, como Deus é “Três vezes Santo”, como disse o Papa Paulo VI, e como viu o profeta Isaías (Is 6,8), não pode entrar em comunhão perfeita com Ele quem ainda tem resquícios de pecado na alma. A Carta aos Hebreus diz que: “sem a santidade ninguém pode ver a Deus” (Hb 12, 14). Então, a misericórdia de Deus dá-nos a oportunidade de purificação mesmo após a morte. Entenda, então, que o Purgatório, longe de ser castigo de Deus, é graça da sua misericórdia paterna.

O ser humano carrega consigo uma certa desordem interior, que deveria extirpar nesta vida; mas quando não consegue, isto leva-o a cair novamente nas mesmas faltas. Ao confessar recebemos o perdão dos pecados; mas, infelizmente, para a maioria, a contrição ainda encontra resistência em seu íntimo, de modo que a desordem, a verdadeira raiz do pecado, não é totalmente extirpada. No purgatório essa desordem interior é totalmente destruída, e a alma chega à santidade perfeita, podendo entrar na comunhão plena com Deus, pois, com amor intenso a Ele, rejeita todo pecado.
Com base nos ensinamentos de São Paulo, a Igreja entendeu também a realidade do Purgatório. Em 1Cor 3,10, ele fala de pessoas que construíram sobre o fundamento que é Jesus Cristo, utilizando uns, material precioso, resistente ao fogo (ouro, prata, pedras preciosas) e, outros, materiais que não resistem ao fogo (palha, madeira). São todos fiéis a Cristo, mas uns com muito zelo e fervor, e outros com tibieza e relutância. E Paulo apresenta o juízo de Deus sob a imagem do fogo a provar as obras de cada um. Se a obra resistir, o seu autor “receberá uma recompensa”; mas, se não resistir, o seu autor “sofrerá detrimento”, isto é, uma pena; que não será a condenação; pois o texto diz explicitamente que o trabalhador “se salvará, mas como que através do fogo”, isto é, com sofrimentos.

O fogo neste texto tem sentido metafórico e representa o juízo de Deus (cf. Sl 78, 5; 88, 47; 96,3). O purgatório não é de fogo terreno, já que a alma, sendo espiritual, não pode ser atingida por esse fogo. No purgatório a alma vê com toda clareza a sua vida tíbia na terra, o seu amor insuficiente a Deus, e rejeita agora toda a incoerência a esse amor, vencendo assim as paixões que neste mundo se opuseram à vontade santa de Deus. Neste estado, a alma se arrepende até o extremo de suas negligências durante esta vida; e o amor a Deus extingue nela os afetos desregrados, de modo que ela se purifica. Desta forma, a alma sofre por ter sido negligente, e por atrasar assim, por culpa própria, o seu encontro definitivo com Deus. É um sofrimento nobre e espontâneo, inspirado pelo amor de Deus e horror ao pecado.

Pensamentos Consoladores sobre o Purgatório

O grande doutor da Igreja, São Francisco de Sales (1567-1655), tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava já na idade média, que “é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do Purgatório”. Eis o que ele nos diz:

1 – As almas ali vivem uma contínua união com Deus.

2 – Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar-se no inferno a apresentar-se manchadas diante de Deus.

3 – Purificam-se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.

4 – Querem permanecer na forma que agradar a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.

5 – São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.

6 – Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.

7 – São consoladas pelos anjos.

8 – Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.

9 – As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.

10 – Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama-lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.

11 – O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor.

Fonte: Extraído do livro O Breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão, 4a. ed. Editora Rosário, Curitiba, 1981