sexta-feira, 11 de maio de 2012


O ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo é como um sopro, “sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai” (Gn 1,2). Uma primeira velada referência ao Espírito encontra-se desde as primeiras linhas da Bíblia, no hino a Deus criador com que se abre o livro do Gênesis: “A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso soprava sobre as águas” (Gn 1,2; Sl 33,6; Jo 33,4). A vida tem origem no sopro direto de Deus. O ato criador de Deus é um ato de amor. Deus soprou ar que ele respira para dentro da pessoa, a fim de que também ela passasse a respirar o ar que Deus respira. “Então Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente”(Gn 2,7) E o sopro de Javé tanto possui uma força criadora, como também destruidora: “ele matará o ímpio com o sopro de seus lábios (Is 11,4; Ex 15,8 2Sm 22,9; Jô 4,9). A palavra Espírito, em grego pneuma, em latim, é spiritus em hebraico ruah aparece muitas vezes no Antigo Testamento que significa “sopro” e pode designar tanto o vento como o respiro. Na bíblia, a presença do Espírito de Deus tem a função de criar, animar, discernir, profetizar, ressuscitar, libertar e recriar.
 Em cerca de 100 passagens do Antigo Testamento o ruah de Javé indica a ação do Espírito do Senhor que guia o seu povo, sobretudo nos grandes momentos do seu caminho. Assim, no período dos juízes, Deus fazia descer o seu Espírito sobre homens débeis e transformava-os em guias carismáticos, investidos de energia divina: é o que aconteceu com Jedeão, Jefte e em particular com Sansão (Jz 6,34;11,29;13,25;14.6.19).
  
ü  Deus guia seu povo pelo deserto para a terra prometida (Nm 11,25-29). Orienta Moisésnas decisões (Nm 17,16;2716;Dt 34,9).
ü  Se faz presente na consagração régia de David. A propósito a Escritura diz: “A partir daquele dia o Espírito do Senhor apoderou-se de David” (1Sm 16,13).
ü  No exílio e no pós-exílio o povo sente a presença do Espírito de Deus dando vida nova, ajudando a refazer as esperanças (Nm11,17;2Sm23,2; Mq 3,8;Zc 7,12; Ez,37,10-14).
ü  No pós-exílio o Espírito não era só para as pessoas que tinham algum cargo especial, mas derramado sobre todo o povo (Jl 3,1-2; Is 59,2; Zc12,10)
ü  E o mesmo Espírito Santo que seduz os profetas para a missão nada fáceis (Is 6,7-8;Jr 1,4-10;Ez 2,1-5).
ü  Isaias anuncia o nascimento de um descendente, sobre o qual “repousará o espírito de sabedoria e de entendimento, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de ciência e de temor do Senhor” (Is 11,2-3). Jo 3,8).
O vento, que soprou forte no dia de Pentecostes, foi reconhecido pelo autor de Atos dos Apóstolos como o sinal da vinda do Espírito Santo, a ser dado aos Apóstolos.

 Mas também é como fogo, pois desceu sobre os Apóstolos em línguas de fogo. Ele também é com água que purifica a dá vida: Jesus assim fala dele quando diz: “Se alguém tem sede, que venha a mim e que beba aquele que crê em mim! Conforme a palavra da Escritura: De seu seio jorrarão água viva” (Jo 7,37-38), e o evangelista explica: “Ele falava do Espírito Santo que deviam receber aqueles que tinham crido nele; pois não havia ainda Espírito, porque Jesus ainda não fora glorificado” (Jo 7,39). Também no diálogo com a Samaritana Jesus fala de “uma fonte de água jorrando para a vida eterna”(Jo 4,14). Ele é também como a Pomba, forma na qual apareceu no batismo de Jesus no Jordão (Jo 1,32). O Catecismo da Igreja Católica dá ainda outros símbolos dele como Unção e Sele.

 A fé católica, no símbolo chamado Neceno-constantinopolitano, professa o Espírito Santo como aquele que é Senhor e dá a vida, e acrescenta que ele procede do Pai e do filho, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado e falou pelos profetas. Ele é Deus, com o Pai e o Filho. “No canto Vini creator (Ó vinde, Espírito Criador) a igreja o chama de “criador”, “paráclito”, “dom de Deus”, “fonte viva”, “fogo”, “caridade” “, unção espiritual” “prometido do Pai”. “Eu e o Pai somos um (Jo 10,30) “Quem me viu, viu o Pai (Jo 14,9).

Jesus o revela como aquele que será enviado por ele e pelo Pai, depois que Jesus for glorificado.
  
ü  Rogarei ao pai e ele vos dará outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da Verdade” (Jo 14,16-17).
ü  “Quando vier o Espírito, vier o Paráclito, que vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que vem do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15,26).
ü  “É bom para vós que eu parta, pois, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, enviá-lo ei a vós (Jo 16,7)”.
ü  Quando vier a Espírito da Verdade, ele vos conduzirá a verdade plena, pois não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas futuras. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse: ele receberá do que é meu e vos anunciará.

Jesus revela o Pai e revela a si mesmo como Filho eterno deste Pai, mas também revela o Espírito Santo como terceira pessoa distinta, que ele e o Pai enviarão aos que crerem. Este Espírito da verdade é o Amor que liga Pai e Filho, desde toda a eternidade. Por isso, ele é o Espírito da unidade e da diversidade e assim agirá na Igreja. Ele é enviado no dia de Pentecostes e derramado sobre a Igreja nascente e permanecerá com ela até o fim dos tempos.

Na Igreja, o Espírito Santo age nos sacramentos e por meio deles produz nova vida, vida de filhos de Deus, naqueles que creem e recebem os sacramentos. Assim pela ação do Espírito no batismo realiza um novo nascimento, que nos faz filhos de Deus e nos incorpora no Corpo Místico de Cristo, a Igreja. Na filiação divina é, assim, obra do Espírito Santo. Na Eucaristia o presidente da celebração invoca sobre as oferendas o Espírito Santo para que se mudem no Corpo e no Sangue de Cristo.
O Espírito Santo guiará a Igreja na verdade e para toda a verdade. Impulsionará a Igreja para as missões até os confins do mundo, tornando-se o agente principal da atividade missionária a evangelizadora da igreja, como ele o é ainda hoje e sempre. Através dos tempos, santificará e renovará constantemente a sua Igreja. O Concílio Vaticano II diz: “Pela força do Evangelho ele rejuvenesce a Igreja, renova-a perpetuamente e leva-a uma perfeita união com seu Esposo...” (LG,4).
O Concílio reafirma e declara:

ü  “O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis como um templo (1Cor 3,16;6,19).
ü  “Neles ora e dá testemunho de que são filhos adotivos” (Gl 4,6; Rm 8,15-16.26)”. “Se vivemos pelo Espírito, pelo Espírito pautaremos também nossa conduta” (Gl5,25).
ü  Ele concede seus dons e carismas a quem ele quer e para o bem comum: “A cada um é dada a manifestação do Espírito para a utilidade comum”(Cor 12,7).
ü  São Paulo enumera alguns destes carismas como a sabedoria, a ciência, o poder de cura, o poder dos milagres, a profecia, o discernimento dos espíritos, a variedade das línguas, a interpretação das línguas, e acrescenta: “mas é o único e mesmo Espírito que isso tudo realiza, distribuindo a cada um os seus dons, conforme lhe apraz”(1Cor 12,11). Falando, porém, de uma hierarquia entre os carismas para a utilidade comum, o apóstolo acrescenta que o carisma mais importante é a caridade. Sem ela, todos os demais carismas nada valem.
Mas há também carismas ligados aos ministérios, razão pela qual o Santo Padre o Papa em sua catequese semanal de 27 de fevereiro de 1991 afirma: “Não se deve contrapor estes carismas aos ministérios de caráter hierárquicos...” Na igreja, Deus pôs tudo no lugar certo “em primeiro lugar, os apóstolos; em segundo os profetas; e em terceiro, os mestres e em seguida os demais ministérios (1Cor12, 28). Vejamos o que diz São Paulo nas suas cartas a Timóteo: ”Não descuides do carisma que há em ti, que te foi confiado mediante a profecia, junto com a imposição das mãos das assembleia dos presbíteros”(1Tm 4,14); eu te exorto a reavivar o carisma que há em ti pela imposição das minhas mãos”(2Tm 1,6). Portanto continua O Santo Padre o Papa – existe um carisma de Pedro, existe um carisma de bispos, dos presbíteros e dos diáconos; existe um carisma concedido a quem está chamando a ocupar um cargo eclesiástico, um ministério.
 
Contudo, é preciso que renovemos sempre de novo em nós mesmos o dom do Espírito Santo. É ele que cria e sustenta nossa vida espiritual. Ele ora em nós ao Pai, com gemidos inexprimíveis. Clama em nós: Abbá, Pai. Diz o Apóstolo Paulo: “Eu vos declaro que ninguém, falando sob a ação do Espírito de Deus, pode dizer: “Jesus seja anátema, assim, ninguém pode dizer Jesus é Senhor, a não ser no Espírito Santo” (1Cor 12,3). Portanto é preciso pedir sempre de novo o dom Espírito Santo. É o Espírito Santo que nos santifica, transforma e unge espiritualmente. Se queremos ser apóstolos que pregam Cristo com nova unção, numa nova evangelização, é preciso renovar em nós esta unção do Espírito. Mas é necessário pedir perseverantemente esta renovação da unção, de joelhos, em silêncio e preces.




















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