segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Liturgia

O que é liturgia?
 
A palavra LITURGIA vem do grego “ leiturgia “, ou seja, léitosérgon : ação do povo, melhor, ação em favor  do povo. Originariamente, toda ação gratuita de pessoas ou grupos em favor do povo em geral, como os jogos olímpicos, jogos públicos, etc, era chamada LITURGIA. Mais tarde, o culto oficial dos sacerdotes do Antigo Testamento em favor do povo foi chamado de liturgia. Também todo serviço de uma parte em favor do todo, como por exemplo o serviço da mão em favor do corpo, foi chamado de Liturgia. Assim em São Paulo. Podemos dizer o culto prestado por Cristo ao Pai a serviço dos homens, toda a obra da salvação, constitui uma liturgia. São os ritos da Igreja Católica como os Sacramentos. Além disso, temos outros ritos e cerimônias religiosas, como o Ano Litúrgico, o Ofício das Horas, as Exéquias, as Bênçãos, e assim por diante.

ODO CASEL, grande liturgista ( 1948 ):“ Liturgia é o Mistério do culto de Cristo e da Igreja"

PIO XII, na Mediator Dei: “A liturgia é o culto público e total do Corpo Místico de Cristo, cabeça e membros “

CONCÍLIO VATICANO II: “A Liturgia é o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem ; e é exercido o culto de Cristo, Cabeça e membro. “ ( S.C.7 ) “ A Liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força. “ ( S.C. 10 )

MEDELLIN : “A Liturgia é ação de Cristo Cabeça e de seu Corpo que é a Igreja. Contém, portanto, a iniciativa salvadora que vem do Pai pelo Verbo e no Espírito Santo, e a resposta da humanidade naqueles que enxertam pela fé e pela caridade, no Cristo, recapitulador de todas as coisas “ ( Doc. Med. 9, 2 )

PUEBLA : “O Pai, por Cristo e no Espírito Santo, santifica a Igreja e, por ela, o mundo : mundo e igreja, por sua vez, por Cristo, e no Espírito Santo, dão glória ao Pai. A Liturgia, como ação do Cristo e da igreja, é o exercício do sacerdócio de  Jesus Cristo, é o ápice e a fonte da vida eclesial ( Pu 917 – 918 )

No Antigo Testamento, a palavra liturgia é empregada para designar o Culto prestado a Deus pelos sacerdotes judeus.

Os primeiros cristãos passaram a empregar a palavra liturgia para designar o Culto prestado a Deus Pai por Cristo na Igreja .
   
Para nós cristãos, a liturgia é a maneira de glorificar Deus e seu filho, Jesus Cristo, através das cerimônias e orações que realizamos na Igreja.

 A liturgia é uma ação de Deus, para que os seres humanos recebam, por meio dos sinais, a graça divina, alcançando a salvação.

Liturgia é uma obra de Deus, manifestada por sinais. Deus usa sinais para comunicar-lhe a sua graça, os seus favores, a sua bondade e principalmente a sua justiça. Alguns dos sinais que Deus usa para manifestar-se são muito especiais ; esses sinais de Deus chamam-se Sacramentos.
   
Conforme o Vaticano II, liturgia é o exercício da função sacerdotal de Cristo, no qual se presta a santificação do homem, da mulher, pelos sinais sensíveis e no qual o culto público integral é realizado pelo Corpo Místico de Cristo que é a Igreja. Assim, toda celebração litúrgica, enquanto é ação de Cristo Sacerdote o do seu corpo que é a Igreja, é ação sagrada por excelência e a qual nenhuma outra ação da igreja, se pode equiparar.

A liturgia é Oração da Igreja, e ato de Cristo, como sacerdote Eterno, através dos seus ministros. Nenhuma oração particular se pode comparar com a oração litúrgica da Igreja.

A liturgia é Ápice da Igreja e ao mesmo tempo, a fonte de onde emana todo o seu vigor.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Os símbolos do Espírito Santo

A água - O simbolismo da água é significativo da ação do Espírito Santo no Batismo, pois após a invocação do Espírito Santo ela se torna a sinal sacramental eficaz do novo nascimento: assim como a gestação de nosso primeiro nascimento se operou na água do ventre materno, da mesma forma também a água batismal significa realmente que nosso nascimento para, a vida divina que nos é doada pelo Espírito Santo. “Somos batizados em um só Espírito” também "bebemos de um só Espírito" (1Cor 12,13): o Espírito é, pois também pessoalmente a água viva que jorra de Cristo crucificado como de sua fonte. “Mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede, porque a água que lhe der virá ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna” o evangelista observa: “Ele falava do Espírito Santo que devia receber os que nele cressem. (Jo 4,14). A água viva, que Jesus prometeu a Samaritana (Jo 4,10), designa o Espírito Santo. “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. (Jo 7,37-38). A água que jorrou do coração de Jesus, aberto, na cruz, pela lança do soldado (Jo 19,34) é símbolo do dom do Espírito Santo. “Quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3,5)

A unção - O simbolismo da unção com óleo também é significativo do Espírito Santo, a ponto de tomar-se sinônimo dele. Na iniciação cristã, ela é o sinal sacramental da confirmação, chamada com acerto nas Igrejas do Oriente de "crismação". Mas, para perceber toda a força deste simbolismo, há que retomar a unção primeira realizada pelo Espírito Santo: a de Jesus. Cristo ("Messias" a partir do hebraico) significa "Ungido" do Espírito de Deus. Houve "ungido” do Senhor na Antiga Aliança de modo eminente o rei Davi. Mas Jesus é o Ungido de Deus de uma forma única: a humanidade que o Filho assume é totalmente "ungida do Espírito Santo". A unção dom óleo simboliza a força do Espírito Santo. É a unção penetrante e perfumada, que consagra os sacerdotes, os profetas e os reis, mas especialmente Cristo que é o ungido, o Messias: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu...” (Lc 4,18). Quando uma pessoa se abre à ação do Espírito Santo, recebe a força (coragem) para viver de um modo novo e também anunciar as maravilhas de Deus. A verdadeira renovação do Espírito faz do cristão canal para comunicar ao mundo o poderoso amor de Deus.

O fogo - No Espírito Santo o fogo simboliza a energia transformadora dos atos do Espírito Santo. O profeta Elias, que "surgiu como um fogo cuja palavra queimava como uma tocha" (Eclo 48,1), por sua oração atrai o fogo do céu sobre o sacrifício do monte Carmelo, figura do fogo do Espírito Santo que transforma o que toca. “João Batista, que caminha diante do Senhor com o espírito e o poder de Elias” (Lc 1,17), anuncia o Cristo como aquele que "batizará com o Espírito Santo e com o fogo" (Lc 3,16), esse Espírito do qual Jesus dirá "Vim trazer fogo à terra, e quanto desejaria que já estivesse acesso (Lc 12,49). É sob a forma de línguas "que se diriam de fogo" o Espírito Santo pousa sobre os discípulos na manhã de Pentecostes e os enche de Si. A tradição espiritual manterá este simbolismo do fogo como um dos mais expressivos da ação do Espírito Santo não extingais o Espírito" (1Ts 5,19).

A nuvem e a luz - Estes dois símbolos são inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo Desde as teofanias do Antigo Testamento, a Nuvem, ora escura, ora luminosa, revela o Deus vivo e salvador, escondendo a transcendência de sua Glória: com Moisés sobre a montanha do Sinai, na Tenda de Reunião e durante a caminhada no deserto; com Salomão por ocasião da dedicação do Templo. Ora, estas figuras são cumpridas por Cristo no Santo Espírito Santo. É este que paira sobre a Virgem Maria e a cobre "com sua sombra", para que ela conceba e dê à luz Jesus. No monte da Transfiguração, é ele que "sobrevêm na nuvem que toma" Jesus, Moisés e Elias, Pedro, Tiago e João "debaixo de sua sombra"; da Nuvem sai uma voz que diz: "Este é meu Filho, o Eleito, ouvi-o sempre" (Lc 9,34-35). É finalmente essa Nuvem que "subtrai Jesus aos olhos" dos discípulos no dia da Ascensão e que o revelará Filho do Homem em sua glória no Dia de sua Vinda.

O selo é um símbolo próximo ao da unção - Com efeito, é Cristo que "Deus marcou com seu selo" (Jo 6,27) e é nele que também o Pai nos marca com seu selo. Por indicar o efeito indelével da unção do Espírito Santo nos sacramentos do batismo, da confirmação e da ordem, a imagem do selo ("sphragis") tem sido utilizada em certas tradições teológicas para exprimir o "caráter" indelével impresso por estes três sacramentos que não podem ser reiterados. O dom do Espírito é a garantia por parte de Deus de que recebemos a graça para iniciar uma vida de plenitude.

A mão - E impondo as mãos que Jesus cura os doentes e abençoa as criancinhas. Em nome dele, os apóstolos farão o mesmo. Melhor ainda: é pela imposição das mãos dos apóstolos que o Espírito Santo é dado. A Epístola aos Hebreus inclui a imposição das mãos entre os "artigos fundamentais" de seu ensinamento. A Igreja conservou este sinal da efusão onipotente do Espírito Santo em suas epicleses sacramentais.

O dedo - "E pelo dedo de Deus que (Jesus) expulsa os demônios”. “Se a Lei de Deus foi escrita em tábuas de pedra “pelo dedo de Deus” (Ex 31,18), a “letra de Cristo”, entregue aos cuidados dos apóstolos” é escrita com o Espírito de Deus vivo não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações” (2Cor 3,3). O hino "Veni, Creator Spiritus" (Vem, Espírito criador) invoca o Espírito Santo como "dedo da direita paterna" (digitus paternae dexterae).

A pomba - No fim do dilúvio (cujo simbolismo está ligado ao batismo), a pomba solta por Noé volta com um ramo novo de oliveira no bico, sinal de que a terra é de novo habitável. Quando Cristo volta a subir da água de seu batismo, o Espírito Santo, em forma de uma pomba, desce sobre Ele e sobre Ele permanece. O Espírito desce e repousa no coração purificado dos batizados. O símbolo da pomba para sugerir o Espírito Santo é tradicional na iconografia cristã. Esta é uma descrição da importância e da obra do Espírito Santo na vida dos cristãos. Só seremos o que Deus deseja mediante a ação do poder do alto em nosso coração.

O sopro - Expressa as ações ou expressões do Espírito Divino. Pelo sopro divino surge a vida e pelo vento, o movimento. No início da criação, Deus formou o homem e “inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2,7). Jesus ressuscitado a parece aos discípulos: “soprou sobre eles, dizendo: “Recebam o Espírito Santo” (Jo 20,22). Quando chegou o dia de Pentecostes, o sopro de um vento precedeu a chegada do Espírito (At 2,2).

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Repouso espontâneo e ministrado

Repouso espontâneo: consiste em cair sob o poder do Espírito Santo sem nenhum intermediário.

Repouso Ministrado - (também citado como repouso induzido ou cooperado): é o repouso que pode acontecer como resultado de orações para a remoção de barreiras ao Espírito Santo, ou de música, ensinamento, movimento físico como levantar os braços num gesto de entrega, ou desejo explícito de repousar.

Preparando para o repouso

Eu sugeriria a algumas pessoas que talvez nunca tenham repousado no Espírito e desejam crescer no amor do Senhor, que peçam a Ele para lhes proporcionar esse repouso. As pessoas dizem eu quero, mas se o desejarem apenas mentalmente e não de coração, em geral não receberão. Se vocês se abrirem, a porta se abrirá de dentro para fora. Digam ao Senhor: Eu quero receber tudo o que tens para mim, Senhor. Quero receber tudo o que possa fazer em mim uma pessoa melhor, mais capaz de amar-Te, de servir-Te mais, a Ti e aos outros.  Irmã Frances Clare faz as seguintes recomendações:

Antes da experiência: não impeça que o poder de Deus venha até você, devido ao seu medo de onde irá cair, ou qual será a sua aparência e o que os outros irão pensar. Liberta-se de qualquer desses medos. Esta experiência não depende de seu merecimento; é para aqueles que necessitam de libertação, cura interior e de plenitude interior.

Durante a experiência: relaxe no amor de Deus e louve-o pelo seu amor por você. Entregue-se ao seu amor. Acredite, com toda a fé, que algo está acontecendo dentro de si, ainda que emocionalmente não sinta nada. Permaneça em posição de relaxamento pelo tempo que desejar.

Após a experiência: quando voltar o nível normal não permita qualquer pensamento de auto-análise, preocupação com o que os outros vão pensar ou decepção por não ter sentido nada. Essa experiência no Espírito é só um começo. O Senhor continuará sua tarefa nas próximas horas, semanas, meses, e talvez até mesmo nos anos vindouros. É, de fato, uma grande alegria saber que Ele deseja amar-nos e permitir que seu Precioso Sangue nos purifique deste modo.

Várias experiências do repouso no Espírito

Repouso do Espírito é uma experiência que consiste em cair mo chão durante uma oração, também algumas vezes chamada de “Dormindo no Espírito”, “Cair sob o poder” “Dormição”, “Morrer no Espírito” ou simplesmente “A bênção”.

Nas definições a seguir, existe certa concordância quanto à submissão, entrega repouso da atividade e dos sentidos do corpo físico para que Deus possa se manifestar mais claramente ao íntimo do homem.

Francis MacNutt, em O poder de cura, afirma: tanto quanto posso ver, é o poder do Espírito enchendo de tal forma a pessoa com uma consciência íntima muito elevada, que a energia do corpo desfalece a ponto de não poder ficar de pé.

Padre George Montague afirma: a pessoa é dominada por uma profunda sensação de bem-estar que lhe causa um relaxamento momentâneo, a tal ponto que ela cede o controle de seu íntimo do ser, da plenitude do amor e da paz de Deus.

Mrton Kelsey comenta: geralmente descrevem uma sensação de poder divino ou energia que flui interiormente, que os faz relaxar e cair.

Padre Thomas Keating aforma: sente-se uma leve interrupção no funcionamento normal dos sentidos e escorrega-se para o chão. As pessoas caem com uma sensação de bem-estar e permanecem deitadas todo o tempo que podem.

Monsenhor Vicente Walsh se refere: a essa experiência como uma “dormição”, palavra que sugere “sono” e aponta para certa semelhança com a experiência do êxtase narrado nos escritos dos santos. Mas não se trata de sono. Durante o repouso, permanece a consciência dos outros agindo e falando ao redor; o sono é diferente. A pessoa pode ouvir o que está acontecendo, mas não se importa com nada. Sua energia parece estar canalizada no Senhor.

Uma analogia que uso algumas vezes é com o banho de sol. As pessoas simplesmente se estendem ao sol, deixam que ele venha e relaxam. O repouso no Espírito é como deixar que o sol do Espírito Santo penetre no íntimo. Enquanto repousam, terão, em muitos caos um encontro direto com o Senhor. Então, o Senhor realizará muitas curas. Elas sentem o seu amor, ouvem o Senhor falando com elas e simplesmente repousam em sua presença.

Repouso no Espírito Santo na visão do padre Antonello

Repouso um presente de Jesus

"O repouso do Espírito é como um dom, um presente particular que Jesus da às pessoas.
O repouso do Espírito é uma novidade que está aparecendo agora, nestes últimos 25, 30 anos. Antes, era muito menos espalhado esse dom. Era mais para os santos como Santa Gema Galgani, Santa Teresa D’Ávila. Padre Pio me parece que recebeu os estigmas durante o repouso do Espírito, tanto que, lá em San Giovanni Rotondo está escrito: "Eu me senti cair, repousei e vi cinco flechas, raios, que tocavam as minhas mãos, os pés e o coração". Então, somente alguns santos viveram essa graça.

Agora, ela está mesmo "explodindo" em muitas pessoas, depois desta descoberta do Espírito Santo, depois do Concilio do Vaticano II. O repouso do Espírito é como um dom, um presente particular que Jesus dá às pessoas e onde as pessoas são penetradas, eu dizia como um "laser" que penetrasse violentamente uma parede de inox. Jesus, para falar aos nossos corações e curar nossas feridas, deve, através desse dom, penetrar esse "aço", que é o nosso corpo. Na presença desse sobrenatural, a pessoa não agüenta mais; cai no chão e lá, uma vez que se abandona nos braços de Deus, Jesus pode operar a maioria das curas que opera quando na maioria dos repousos do Espírito, são curas interiores, porque Deus quer fazer de nós, primeiramente, filhos verdadeiros, profundamente curados na interioridade de nosso ser, na liberdade de nosso inconsciente, que atrapalha demais o nosso mundo de hoje.

Também, às vezes, cura fisicamente, porque você pode saber que no corpo a pessoa é uma coisa só, não só o físico, não só alma, espírito, mas sim num todo. E quando Jesus age, age por completo, na sua maravilha. O que acontece: no repouso do Espírito a pessoa se sente renovada. Para terminar, como na transfiguração, onde Pedro, João disseram: "Meu Deus, deixe que fiquemos aqui, porque é muito belo o que vemos”. É Deus que se revela com sua força, com sua maravilha, é claro que, além do repouso do Espírito, desse êxtase que acontece na pessoa, precisa depois continuar a viver comprometida, porque senão o repouso do Espírito perde o efeito que deve se prolongar. Mas se a pessoa vive comprometida, se entrega completamente a Deus, é uma etapa fundamental para poder crescer.

Repouso no Espírito Santo na visão do padre O. Melançon, C.S.C.

Aguns apsctos do repouso

No Renovamento Carismático encontram-se várias manifestações do poder do Espírito Santo, que de início espantaram grandemente, mas que são agora mais facilmente admitidas como autênticas; é assim com o dom das línguas, das Curas, a Efusão do Espírito, a imposição das mãos.

Mas há um fenômeno sobrenatural menos conhecido, que se torna cada vez mais freqüente no Renovamento Carismático: é o repouso no Espírito. Com efeito, o repouso no Espírito reveste-se das características do arrebatamento (que é uma espécie de êxtase). Como é um arrebatamento, o repouso no Espírito é da mesma família da ordem extática. Esta experiência mística é destinada a favorecer uma vida cristã mais fervorosa ou uma conversão do coração.
 
Habitualmente, o arrebatamento verifica-se em pessoas avançadas na vida espiritual, ou, como dizia Santa Teresa d'Ávila, que atingiram as sextas moradas do castelo interior. Não se chega, portanto, de um pulo, ao período do êxtase ou do arrebatamento; em geral este é precedido de uma série de etapas de contemplação infusa, das quais a menos elevada é chamada por Santa Teresa d'Ávila "oração de contemplação".

Lembremo-nos de que há três graus no êxtase:
 
  • O êxtase simples, quando este se produz lentamente, ou se não é muito forte;
  • O deslumbramento, quando o êxtase é súbito e violento;
  • O vôo do espírito, quando, como diz Santa Teresa d'Ávila, "age de tal maneira que o espírito parece verdadeiramente sair do corpo".
Ora, as características do deslumbramento encontram-se no repouso no Espírito, salvo evidentemente, o grau avançado de vida espiritual. Com efeito, às vezes, acontece que Deus concede tal experiência espiritual a pessoas de virtude pueril, ou a principiantes na vida espiritual, a fim de os atrair a Si.

O repouso no Espírito resulta mais freqüentemente, da imposição das mãos, ou pelo menos de um toque da mão na cabeça, embora esse gesto não seja sempre necessário. A pessoa começa a vacilar, para finalmente cair devagarzinho para trás. Esta queda é causada por uma graça tão poderosa do Espírito Santo que o corpo já não pode suportá-la e, então, as suas forças abandonam-no. Contudo, é preciso esclarecer que a queda não é obrigatória e não condiciona, necessariamente, a recepção da graça. Por outro lado, aqueles que não "caem" são afetados por uma vertigem não desagradável, tremuras ou pernas debilitadas, mas estas manifestações físicas são impregnadas de doçura e de paz.  

Repouso no Espírito na visão do Padre Robert DeGrandis

O “repouso no Espírito” é um assunto poderoso em nossos dias, amplamente divulgado pela imprensa e frequentemente relacionado com a Renovação Carismática. Tal como o dom de línguas, a experiência de cair no chão durante uma oração tem despertado a atenção das pessoas. Pouco se tem escrito sobre ele e muito ainda é desconhecido. É como um território virgem, especialmente na comunidade católica. Desejo examinar o que acredito ser mais uma moção do Espírito Santo em nossos dias.

O repouso no Espírito é, provavelmente, mais um dom carismático, pelo menos em parte. Parece haver um duplo carisma: o carisma de algumas pessoas, em quem o poder é tão forte que a maior parte dos que recebem suas orações cai; e o carisma daqueles que recebem a oração e que ficam tão abertos para receber que caem sob o poder quando alguém ora.

Minha primeira experiência pessoal com o repouso no Espírito Santo aconteceu durante uma reunião de oração com Kathryn Kuhlman, em 1971. Lembro-me de ter ficado deitado no chão, sentindo uma paz profunda e a consciência do enorme pode de Deus. Quase todas as vezes que recebo cura interior, repouso no Espírito.

Um das melhores experiências que já tive no Brasil, após um longo e cansativo dia de pregação. Estava exausto e alguém se ofereceu para me fazer repouso no Espírito. Após alguns momentos de repouso com o Senhor, levantei-me totalmente reanimado e renovado. Foi fantástico! Algumas vezes, quando estou tenso, antes de um seminário, peço a alguém que me faça repousar no Espírito. Posso repousar cerca de vinte minutos e, então, estarei pronto para ir, mais sensível, aberto e apto a receber a direção que o Senhor quer que eu siga naquela pregação.

Em 1972, quando fui chamado para orar em uma equipe com Francis MacNutt, na universidade de Notre Dane, tive minha primeira experiência de ser utilizado como instrumento para o repouso no Espírito de outra pessoa. O tempo passou e comecei a me dedicar inteiramente ao ministério de cura na Renovação Carismática, e o repouso no Espírito se tornou uma via poderosa de cura, especialmente com grandes grupos, onde não havia tempo para a oração individual prolongada.

Tenho experiência de que uma das maneiras mais poderosa de ajudar a cura e o crescimento das pessoas na oração é através do repouso no Espírito. Algumas vezes, em seminários de um dia, ou em retiros de fim de semana, oro para que os participantes repousem no Espírito no começo, antes de iniciar a palestra, no meio e no fim do retiro ou do dia.  Algumas das curas mais profundas ocorrem em retiros nos quais as pessoas repousam no Espírito.

Hoje, quando viajo pelos Estados Unidos e por diversos países, coordenando treinamentos de líderes e orações de cura, em meu ministério de tempo integral, vejo participantes sem-conta repousarem no Espírito – até mesmo bispos! Um bispo do Chile aproximou-se para receber uma oração e repousou profundamente no Espírito. Anos mais tarde, fiquei sabendo que ele tivera uma profunda experiência mística. Outro bispo em um país latino-americano, que repousou no Espírito duas vezes, expressou grande contentamento com a experiência. Também outro bispo, homem santo e abençoado, repousou no Espírito em um retiro para sacerdotes. É fascinante ver quantos bispos repousam no Espírito. 

Obras da carne em São Paulo

As obras da carne

Nenhum trecho da Bíblia apresenta um mais nítido contraste entre o modo de vida do crente cheio do Espírito e aquele controlado pela natureza humana pecaminosa do senão na carta aos gálatas (Gl 5,16-26). 

“Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!” (Gl 5,19-21)
 
“Carne” (grego sarx) é a natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, a qual continua no cristão após a sua conversão, sendo seu inimigo mortal (Rm 8,6-8,13; Gl 5,17-21). Aqueles que praticam as obras da carne não poderão herdar o reino de Deus (5.21). Por isso, essa natureza carnal pecaminosa precisa ser resistida e mortificada numa guerra espiritual contínua, que o cristão trava através do poder do Espírito Santo (Rm 8,4-14).
 
a) Apresentação das obra da carne:

Prostituição - fornicação (grego - pornéia), isto é, imoralidade sexual de todas as formas. Isto inclui, também, filmes, fotos ou publicações pornográficos (Mt 5,32; 19,9; At 15,20-29; 21,25; 1Co 5,1). Os termos moichéia e pornéia são traduzidos por um só em português: prostituição.

Impureza (grego - akatharsia), isto é, pecados sexuais, atos pecaminosos e vícios, inclusive maus pensamentos e desejos do coração (Ef 5,3; Cl 3,5).

Lascívia - Libertinagem (grego - aselgeia), isto é, sensualidade. É a pessoa seguir suas próprias paixões e maus desejos a ponto de perder a vergonha e a decência (2Cor 12,21).

Idolatria (grego - eidololatria), isto é, a adoração de espíritos, pessoas ou ídolos, e também a confiança numa pessoa, instituição ou objeto como se tivesse autoridade igual ou maior que Deus e sua Palavra (Cl 3.5).

Feitiçarias - superstição (grego - pharmakeia), isto é, espiritismo, magia negra, adoração de demônios e o uso de drogas e outros materiais na prática da feitiçaria (Êx 7,11,22; 8,18; Ap 9,21; 18,23).

Inimizades (grego - echthra), isto é, intenções e ações fortemente hostis; antipatia e inimizade extremas.

Porfias - Brigas (grego - eris), isto é, brigas, oposição, luta por superioridade (Rm 1.29; 1Cor 1,11; 3,3).

.Emulações - Ciúmes (grego - zelos), isto é, ressentimento, inveja amarga do sucesso dos outros (Rm 13,13; 1Cor 3,3).

Iras - Ódio (grego - thumos), isto é, ira ou fúria explosiva que irrompe através de palavras e ações violentas (Cl 3,8).

Pelejas - Ambição (grego - eritheia), isto é, ambição egoísta e a cobiça do poder (2Cor 12,20; Fl 1,16-17).

Dissensões - Discórdia (grego - dichostasia), isto é, introduzir ensinos cismáticos sem qualquer respaldo na Palavra de Deus (Rm 16,17).

Heresias - Partidos (grego - hairesis), isto é, grupos divididos dentro da comunidade Igreja formando conluios egoístas que destroem a unidade da igreja (1Cor 11.19). Heresia significa também a negação da verdade ou meias verdades.

Invejas (grego - fthonos), isto é, antipatia ressentida contra outra pessoa que possui algo que não temos e queremos.

Homicídios (grego - phonos), isto é, matar o próximo por perversidade.

Bebedices (grego - methe), isto é, descontrole das faculdades físicas e mentais por meio de bebida embriagante.

Glutonarias - Orgias (grego - komos), isto é, diversões, festas com comida e bebida de modo extravagante e desenfreado, envolvendo drogas, sexo e coisas semelhantes.

b) Visão geral das obras da carne nas cartas de Paulo e Marcos

O termo carne em Paulo designa tudo o que existe no homem de pecaminoso, são os apetites desordenados. O termo espírito em Paulo designa tudo o que existe no homem de abertura ao divino, ao transcendente, a Deus.O Espírito e a carne encontram-se numa oposição irredutível, irreconciliável, opostos, no aspecto moral.

Obras da carne nas cartas de Paulo e no Evangelho de Marcos – Textos (Ef 4,25-31; 5, 3-4; 1Cor 3,3; Rm 1,26-35; Gl 5, 19-21; Mc 7,21-23)

Mentira;
Ira;
Malícias;
Amarguras;
Exaltação;
Gritarias;
Ultrajes;
Maldades;
Imoralidade sexual;
Cobiça;
Palavrões;
Conversas tolas;
Piadas de mau gosto;
Paixões vergonhosas;
Divisões;
Rivalidades;
Contendas;
Torpezas;
Injustiças;
Iniqüidades;
Avarezas;
Malvadez;
Invejas;
Homicídios;
Rixas;
Astúcias;
Perversidades;
Intrigas;
Difamações;
Ódio;
Soberba;
Insolência;
Presunção;
Rebeldias;
Traições;
Roubos;
Adultérios;
Ambições desmedidas;
Fraudes;
Devassidão;
Calúnia;
Orgulho;
Insensatez;
Impurezas;
Idolatrias;
Feitiçarias;
Inimizades;
Contendas;
Ciúmes;
Intrigas;
Discórdias;
Facções;
Bebedeiras;
Orgias.

“Que o pecado não reine vosso corpo mortal” (Rm 6,12) “Não mais sirvamos ao pecado” (Rm 6,6b).

Os carismas do conhecimentos

Carisma da Palavra de ciência ou conhecimento

“A um é dada, pelo Espírito Santo, a Palavra de ciência” (1Cor 12,8). Diante do seu limitado conhecimento, o homem não é capaz de compreender perfeitamente o que acontece ao seu redor, com as outras pessoas e consigo mesmo. Só Deus é onisciente, que conhece todas as coisas como elas devem ser conhecidas, por seu infinito amor e misericórdia, permite e deseja que o homem participe de desfrute de um fragmento da sua onisciência, concedendo através do dom carismático de ciência, chamado também “Palavra de Ciência” ou Palavra de Conhecimento”. A Palavra de Ciência é o dom através do qual o Senhor faz que o homem entenda as coisas da maneira como Ele as entende, Faz que o homem penetre na raiz de cada acontecimento, fato, sentimento, situação do passado ou do presente, estado de espírito. Podemos chamar de diagnóstico o que Deus faz de um fato, de um problema, de uma situação e cujo resultado é comunicado a nossa mente. A Palavra de Ciência ou Conhecimento apresenta um problema, uma situação, um fato passado ou presente na vida de um irmão, que são causadores ou raízes de traumas, feridas emocionais, para que sejam curadas. É uma informação sobrenatural que o Espírito Santo nos faz tomar conhecimento. Através da Palavra de Ciência, Deus comunica ao homem informações que são impossíveis de se adquirir humanamente ou por conhecimento natural, pela razão.

A Palavra de ciência é um conhecimento sobrenatural que se recebe devido à graça, por meio da qual a inteligência do homem se ilumina com a ação do Espírito Santo para conhecer e ver a raiz de um problema, ou o que Deus está fazendo ou vai fazer entre as sua criaturas, com um fim sobrenatural. Não é um fenômeno psíquico ou clarividência. Não é ima transmissão de pensamentos como quando duas pessoas recebem ao mesmo tempo a mesma palavra.

A Palavra de Ciência ou Conhecimento é uma Palavra Inspirada que Deus nós dá quando oramos para outrem, Jesus faz suas maravilhas através de nós, revelando aquilo que é necessário para a cura, a libertação, aquilo que de determinada forma, Deus nos revela através de sua Ciência. As revelações, inspirações através da Palavra de Ciência ou Conhecimento, vêm com tranqüilidade; Deus age na nossa liberdade e na nossa consciência de maneira tranqüila porque o Espírito de Deus é Espírito de Paz e Salvação e não de confusão.

Por exemplo, quando alguém está deprimido, pensamos logo em resolver o problema da depressão, aliviando os seus sintomas, porém não conseguimos conhecer rapidamente a causa da depressão. Através do Dom da Ciência, o Senhor nos revela a causa da depressão, sua raiz, com o objetivo de curar. Através desta sua manifestação de amor leva-nos a amá-lo, entregando sua vida a Ele. A Palavra de Ciência como todos os outros dons, um serviço que o Espírito Santo presta ao povo de Deus através de nós. A Palavra de Ciência nos é dada para que Deus possa agir através do conhecimento da causa do mal que nos aflige, quer física, quer espiritual ou emocionalmente.

Deus deseja que o homem cresça no seu conhecimento, que tenha penetração espiritual, que conheça pelo entendimento espiritual os seus ministérios; deseja que o homem compreenda como Ele está agindo, por que agiu de determinada maneira e qual o objetivo que Ele quer alcançar. Através do dom da Ciência, Deus ensina ao homem sobre as suas verdades, permite que a sua luz penetre no entendimento do homem. Alimenta assim o espírito do homem para que este entenda as coisas da maneira que Ele entende.

São Paulo escreve assim na sua carta aos Gálatas: “Asseguro-vos, irmãos, que o Evangelho pregado por mim não tem nada de humano. Não o recebi nem o aprendi de homem algum, mas mediante uma revelação de Jesus Cristo” (Gl 1,11-12), o que comprova que Deus com o objetivo de salvar os homens, lhes revela os mais profundos mistérios de Cristo.

a) Passos para melhor entender a Palavra de ciência ou conhecimento.
 
  • Em primeiro lugar: Esta “Palavra que nos dá certo conhecimento de origem Divina” é uma “inspiração a entender as verdades de Deus, como Deus mesmo as entende, e depois falar.
  • Segundo lugar: Ao se rezar pela cura da pessoa, geralmente após breve oração e oração em línguas, ocorrem “Palavras de Ciências” relativas à cura de traumas ali presentes. Essas “Palavras” são reveladas à pessoa. Este uso está em vista da cura interior e não para outro uso qualquer.
  •   Em terceiro lugar: Tanto nas Missas como em grupos, depois de momento de louvor, de anúncio e reflexão da Palavra, anuncia-se, por este carisma, o que Jesus está realizando na comunidade orante, anunciam-se as curas que Ele está operando na comunidade.  A pessoa para quem esta Palavra de Ciência é dirigida percebe, por uma iluminação interior.
b) Três modos de manifestação da Palavra de ciência ou conhecimento.   Primeira: Quando a pessoa recebe em sua mente uma “palavra ou expressão”, por exemplo: acidente; cura de um relacionamento; cura de um vício, pela qual o Senhor esta operando em alguém presente naquele momento ou por alguém por quem está orando; neste caso deverá anunciar com autoridade da fé. É uma certeza interior de que o que veio à mente é de Deus e o espírito não se tranqüiliza enquanto não diz.
    • Segundo: Quando chega à mente da pessoa uma “visualização”. Visualiza-se a “parte do corpo que está sendo tocada” pela ação curativa do Senhor.  Tais sinais vêm de forma espontânea, quando o servo menos espera. Também aqui se deve anunciar, movido pela fé carismática.
    •  Terceiro: a pessoa “sente em si, em seu corpo” o que o Senhor está curando em alguém, ali presente na comunidade. Tal “sensação” pode ser acompanhado de leve calor, na parte que está sendo curada, ou uma leve sensação dolorosa, mas passageira na parte do corpo que está sendo tocada. A pessoa que recebe a cura também sente que foi para ela, e não para outra pessoa! Ao proclamar que Deus está curando essa pessoa, a sensação desaparece.
    •  Autenticidade do dom: O Evangelho dá um critério ara o discernimento sobre a autenticidade deste dom: Pelos frutos serão conhecidos (Mt 7,16). Os frutos, os efeitos, são a única maneira de saber se este dom é verdadeiro ou não. Por esse motivo os testemunhos são muito importantes. Os testemunhos têm como fim principal a glória de Deus, mas também edificação da comunidade.
    Na verdade a Palavra de Ciência de Conhecimento é uma manifestação do Espírito Santo em nós para o bem de nossos irmãos e que pode se manifestar de vários modos. Na passagem da Samaritana, este dom do Espírito Santo se manifestou através de palavra. (Jo 4,7-26). Jesus fala à mulher samaritana sobre os cinco maridos que tivera (v17). Esta palavra fez a mulher samaritana perceber, em primeiro lugar, que Jesus era um profeta. Abrindo a porta de seu coração para a revelação de que Ele era o Messias. O Espírito Santo, através da Palavra de Ciência, revela a intenção secreta do coração de Ananias e Safira, Na situação da mulher pecadora envolvendo o fariseu, o Espírito manifestou-se dando a Jesus um conhecimento ou entendimento espiritual do que se passava no coração do fariseu. Na passagem da mulher hemorroíssa, a Palavra de Ciência se manifesta através de um sentimento ou percepção da ação curativa de Deus, quando Jesus percebeu que d’Ele saíra uma força pela ação do Espírito Santo.

    O testemunho de quem recebe a cura relatada pela palavra de Ciência é importante, pois se constata uma verdade irrefutável. Na maioria das vezes, a cura é agora de forma imediata; noutras vezes é gradativamente verificada e é bom que, oportunamente, seja testemunhada. Tudo é medido pelos frutos conforme encontramos em (Mt 7,16-20).

    Encontramos também na passagem da cura de um paralítico (Lc 5,17-26) duas Palavras de Ciência, que transformaram a vida de várias pessoas. A primeira Palavra de Ciência (v 20) foi uma ação do Espírito Santo movida pela fé daquelas pessoas que traziam o paralítico para Jesus o curasse. Quando Jesus diz “os teus pecados te são perdoados” é porque sabe por revelação que a necessidade maior do paralítico é ser perdoado de seus pecados que, inúmeras vezes são causa de muitos males físicos e espirituais.

    A segunda Palavra de Ciência revelou os pensamentos dos escribas e fariseus: “Quem é este homem que profere blasfêmias? Quem pode perdoar pecados senão unicamente Deus?” (Lc 5, 21). Quando Jesus penetra nos pensamentos dos fariseus e escribas através de uma ação espiritual do Espírito Santo, pela palavra de Ciência Ele “desarma” os escribas e fariseus em seus argumentos para daí poder agir, curando o paralítico, e atingir seu objetivo: fazer que eles percebam que Ele é Deus e tem poder de perdoar pecados e de curar.

    Os carismas do conhecimentos

    Carisma da sabedoria ou palavra de sabedoria

    A Palavra de Sabedoria é um dom carismático do Espírito Santo, dom gratuito de Deus, que dá a graça ao homem, inspira o homem, a saber, como deve ser o seu comportamento em cada situação, em cada vez que tem que resolver um fato ou um problema. Inspira o homem como agir e falar inteligentemente em situações concretas da sua vida ou da sua comunidade, levando-o a decidir acertadamente e de acorde com a vontade de Deus no dia a dia, no trabalho, na educação dos filhos, nos relacionamentos com os irmãos e na sua vida cristã. É uma orientação de Deus sobre como se viver cristãmente (Lc 18,18-30). Pela Palavra de Ciência, Deus revela a raiz de algo que se passa ou que se passou, mostra um problema. A Palavra de Sabedoria nos revela o que está por acontecer ou o que se deve fazer, Deus nos revela como agir, como pôr em prática a palavra de ciência, como proceder.  A Palavra de Sabedoria apresenta a solução. Por este dom, age-se e fala-se inspirados pelo Senhor (At 7;18,9-10). É uma palavra diretiva, pois indica alguma coisa a ser feita; por ela o Senhor nos revela o que Ele quer que seja feito e por ela somos guiados por Deus, para a ação. Por este dom fala-se com segurança interior e, portanto, com autoridade (Mt 7,29).

    Devemos pedir pelo dom. Assim como diz 1Reis 3,4ss; Sabedoria 9,4; Tiago 1,5-6. O Novo Testamento está repleto de palavras de Sabedoria. Onde encontramos orientações de Jesus (nos Evangelhos) e da Igreja (na literatura epistolar), para uma vida segundo o Senhor (Mt 5,7;Lc 12,22ss; 1Cor 2,1-5) e na sabedoria de Deus de Deus que difere daquela sabedoria que o mundo quer incutir (Ef 1,17; Cl 1,9.

    Aqui não se trata de sabedoria humana, fruto de estudo ou experiências, mas de um conhecimento sobrenatural, que em dada momento, proporciona-nos o Espírito da verdade. É, portanto diferente esta Palavra de Sabedoria, da sabedoria intelectual; é um movimento do Espírito Santo levando à ação. A Palavra de Sabedoria é uma orientação do Espírito Santo; sentimos que o Espírito Santo está nos guiando. É a palavra que a assembléia, o indivíduo, precisa e espera. È uma palavra ativa e verdadeira. A Palavra de Sabedoria é uma atitude, uma ação que faz com que os acontecimentos passem a decorrer segundo a vontade de Deus. Importante escutar a Palavra de Sabedoria e procedermos ou agirmos conforme o que o Senhor nos revelou. Ela vem repentinamente por meio de uma palavra propriamente dita, por uma palavra escrita, por uma visão, por um sentimento, por um sonho.
     

    Os carismas do conhecimentos

    Carisma do discernimento dos espíritos

    O dom do discernimento dos espíritos é uma graça de Deus, que provém da presença do Espírito Santo em nós, o qual nos permite discernir, examinar, perceber e identificar em nós mesmos, nas outras pessoas, nas comunidades, nos ambientes e nos objetos o que é de Deus, o que é da natureza humana ou o que é do maligno.

    São João da Cruz ensina-nos que nossa alma tem três grandes inimigos: o mundo, o demônio e a nossa carne. Esses inimigos impulsionam-nos a fazer guerras e dificultam o caminho que nossa alma deseja trilhar até Deus. É necessário, portanto, pedir a Deus o dom do discernimento dos espíritos, e exercitá-lo a todo instante, pois este é um dos canais que Deus utiliza para nos ajudar a vencer esses grandes inimigos, que tentam nos confundir na busca de conhecer e viver a vontade de Deus.

    Vamos conhecer este carisma através da narrativa do pecado original. Tomemos nossa Bíblia em (Gn 3,1-7).  Adão e Eva conheciam muito bem a Deus, e gozavam de intimidade profunda com Ele. Tinham um bom relacionamento com íntimo com e afetivo com Deus. Ambos conheciam claramente as ordens de Deus sobre a árvore do bem e do mal, no entanto, Eva não percebeu que quem lhe falava era o maligno. Não parou para discernir quem lhe falava.  Iludida pela conversa que manteve com o inimigo, acabou por cometer a rebeldia que viria a ser o pecado de origem de toda a humanidade. Eva, antes de conversar com a serpente, pela obediência a Deus, achava o fruto perigoso até para ser tocado. Porém, depois da conversa, tinha a opinião de que o fruto era bom até para comer; tinha aspecto agradável, era bons para abrir a inteligência, a ponto de se tornarem deuses.

    O objetivo desses três inimigos: carne, mundo e demônio é iludir-nos para que façamos a vontade deles ou a nossa e não, a de Deus. É preciso orar e termos uma vida de louvor, de unidade com a Palavra de Deus e com os sacramentos da Igreja. A falta de discernimento veio pôr a perder toda humanidade, através de Adão e Eva. É preciso vigiar e orar para não cair em tentação, como ensinou Jesus. Uma maneira corretíssima de sabermos se algo vem da vontade de Deus, do inimigo ou de nós mesmos é a Palavra de Deus, ela deve estar enraizada em nós. E alimentado pela oração, a nossa vontade e inteligência, estão sempre abertas à ação do Espírito Santo que revelará pelo carisma do discernimento, o que vem de Deus, o que vem de nós e o que vem do inimigo.

    O Espírito Santo inspira Jesus a fazer o discernimento, quando diz de maneira firme a franca a Pedro: “afasta-te satanás, tu és para mim um escândalo, teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens. Em sua vida pública, Jesus discerniu varais vezes a origem das enfermidades, das palavras, dos males. Jesus discerniu que o Pai em sua bondade aproveitaria e enfermidade de Lázaro para que se manifestasse a sua glória (Jo 11,1-4); discerniu que as sugestões que lhe vinham na tentação do deserto, embora citassem a Palavra de Deus, não eram do Pai, mas do maligno para entregar o plano do Pai (Lc 4,1-13); discerniu no texto que fala da cura do paralítico, que a causa maior dos males daquele homem não era a enfermidade física, mas a espiritual.

    No livro dos Atos dos Apóstolos são descritas várias passagens em que foi usado o dom do discernimento dos espíritos.  Simão, que exercia magia na cidade (At 8,925). Quando Felipe começou a anunciar o Reino de Deus às pessoas passaram a voltar-se para Jesus e abandonar a consulta do adivinho, discernindo que o que ele fazia (Simão) não vinha de Deus. Outro texto que nos fala do uso do dom do discernimento dos espíritos é o que narra sobre a moça escrava, possuída do espírito de Pitão, que gritava: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo, que vos anunciam o caminho da salvação” (At 16,16-18). Apesar de suas palavras em relação a São Paulo e seus amigos serem verdadeiras e elogiosas, o apóstolo manda que ela cale a boca porque reconheceu que quem falava não era a escrava, mas um espírito maligno. São Paulo nos diz: “Quem está de pé, cuidado para não cair” (1Cor 10,12).
     
    Santa Tereza d’Ávila nos diz que, quando oramos, nos tornamos tão sensíveis ao discernimento dos espíritos que qualquer alfinetada, por menor que seja, é percebida e discernida por nós. Quando estamos em estado de pecado e sem oração tornamo-nos insensíveis ao discernimento dos espíritos e nos deixamos enganar facilmente por nossos desejos, ou pelo inimigo. São Paulo nos exorta que “não nos conformemos com este mundo, mas transformemo-nos pela renovação do nosso espírito, para que lhe agrada e o que é perfeito (Rm 12,2).

    a) Adquirir o dom do discernimento dos espíritos

    Há pelo menos quatro meios para alcançar o discernimento:  

    • A oração. Ela nos coloca na ótica do Espírito Santo e trás luz no discernimento
    •     Estudo. Conhecer a Escritura Sagrada, ter intimidade com ela
    •   Experiência pessoal. Só a teoria não basta. Abrir ao discernimento e identificar em nós mesmo, o que é de Deus, o que é do maligno.
    •  Remoção dos obstáculos. Quem pretende cultivar a arte do discernimento deve remover dois obstáculos principais.
    • Auto-suficiência. O espírito de auto-suficiência reduz todas as inspirações e moções espirituais; há um psicologismo popular e superficial.
    • A ignorância. Esta pode decorrer do próprio positivismo científico impedindo uma análise serena e objetiva. O livro dos Atos registra um caso de ignorância espiritual (At 14,8-18).

    b) Critério para exercê-lo
     
    •   Quando um fato pode ser explicado por causa natural, recusemos a explicação sobrenatural. Mas estejamos atentos: há pessoas que encontram explicação natural para tudo. Veja um discernimento nesta área por parte de Jesus (Mt 16,13-23; Tg 1,13-16).
    •   Todo “Espírito” que não acata a Encarnação do Filho de Deus em Jesus Cristo não é o Espírito Santo. Este critério de discernimento é invejável e de uma limpidez e graus altíssimos.
    •   Aceitar a superioridade do Amor. “O mandamento do Senhor é: “amai-vos”. Fazer-nos sair de nós mesmos em atitude de amor e de serviço humilde. São João diz: “Não amemos com palavras, mas com atos. 
    •  Maria serviu Isabel ajuda-nos discernir. O orante que se fecha em si, que manifesta repulsa em servir, não tem em si o Espírito Santo.
    •  Vivificar se não há oposição aos sacramentos e à hierarquia da Igreja. A desobediência à hierarquia é perigosa.
    • Perseverança na vida cristã. O Espírito Santo não vem para nos entusiasmar num dia e nos desanimar no outro. Ele não compactua com a inconstância nem a leviandade, dá frutos na perseverança.
    • Verificar se existe paz e mansidão no coração. “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). Até mesmo quando se luta pela justiça, se lutamos com o Espírito Santo, não perdemos a paz.
    Uma chave muito importante para o discernimento é a comunidade unida e ter também no discernimento pessoal a orientação espiritual, ou direção espiritual.

    Continuação do carisma de obra e poder

    Carisma da fé

    A fé é uma experiência concreta no poder de Deus. “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. A fé é um dom que o Espírito Santo coloca à disposição dos homens para que ele possa experimentar concretamente do próprio poder de Deus. “Pela fé o homem submete completamente a sua inteligência e sua vontade a Deus. Com todo o seu ser o homem dá seu assentimento a Deus revelado. “A Sagrada Escritura denomina obediência da fé esta resposta do homem ao Deus que se revela” (Cat. 143) Cf. DV, 5; Rm 1,5;16,26). Fé é a adesão a anuência (assentimento, aprovação, consentimento) pessoal a Deus. É crer, é confiança.

    A fé que inflama o coração do homem, levando-o a ter uma experiência pessoal com o Senhor vivo e ressuscitado, contagiará novos corações com um fogo que devora as folhas secas de uma floresta, para se deixarem amar cada vez mais por Deus, para deixarem Deus agir cada vez mais de forma poderosa.

    A fé deve ser vivida pelo cristão sob três aspectos fundamentais: a fé teologal ou doutrinal, a fé virtude e a fé carismática:

    • Fé teologal/doutrinal

    O primeiro aspecto é a fé teologal, também chamada de fé doutrinal. Por ela o cristão acredita nas coisas reveladas por Deus, em Jesus e no Espírito Santo na Igreja. A fé teologal faz o homem crer firmemente em Deus como o seu Pai, que se importa com sua vida, não é um Deus indiferente, distante de sua vida. É o criador de todas as coisas, do céu da terra, origem de toda a criação, aquele que tudo providencia para a sua vida, que protege e dele cuida. Esta fé crê firmemente em Jesus Cristo, reconhecendo-o como o enviado do Pai, o Filho de Deus, o salvador do mundo, Jesus, o “Verbo” que se fez carne e habitou entre não e vimos a sua glória, a glória que um Filho Único do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14); crê que somos justificados gratuitamente pela fé em Nosso Senhor Jesus Cristo; crê firmemente no Espírito Santo de Deus que edifica a Igreja de Cristo, e a santifica (At 2,4); crê que o Espírito Santo é o poder de Deus “a força do Alto”, derramado em seus corações, o “Paráclito”, o “Advogado”, que lhe revela sobre a justiça e a verdade.

    Esta fé teologal é necessária para a nossa salvação. “Justificados, pois, pela fé, temos a paz com Deus, por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5,1). A fé teologal vem em conseqüência do batismo, pregação, (Rm 10,14), do anúncio de Cristo, do testemunho, da catequese, aprofunda a fé. A fé teologal fundamenta na Palavra de Deus, nos sacramentos, na oração e na vida comunitária é um grande sustentáculo para o cristão do mundo de hoje que vive em um tempo onde “os homens já não suportam a sã doutrina da salvação e se deixam levar pelas próprias paixões... (2Tm 4,3-4).

    • Fé virtude

    O segundo aspecto da fé e chamada de fé virtude incondicional, leva o homem a confiar plenamente no cumprimento das promessas de Deus; conduzindo-o a uma entrega total a Deus e a sua providência. (Mt 6,25). A fé virtude leva o homem a crer concretamente. Na presença de Deus em sua vida, independente das circunstâncias do momento, pois olha a sua vida não mais com os lhos humanos, mas segundo a visão de Deus. A fé virtude ou fruto do Espírito Santo leva o homem a ter uma vida totalmente abandonada na providência de Deus, Ela o conduz a praticar a Palavra de Deus, viver segundo a vontade de Deus, o homem não apenas conhece os mandamentos de Deus intelectualmente, mais eles são introduzidos dentro do coração que não só os acolhe como Palavra de Deus, mas os pratica no dia-a-dia de sua vida. “Não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). “Esta fé virtude leva o homem a crer e experimentar a bondade, a misericórdia e o amor de Deus na sua vida” (1Jo 4,16).

    No livro do Gênesis temos um exemplo fantástico de fé, que é o de Abraão: ”Não vacilou na fé, embora reconhecendo o seu próprio corpo sem vigor, pois tinha quase cem anos e o seio de Sara igualmente amortecido. Ante a promessa de Deus, não vacilou, não desconfiou, mas conservou-se forte na fé e deu glória a Deus. Estava plenamente convencido de que Deus era poderoso para cumprir o que prometera” (Rm 4,19-21)

    • Fé carismática

    O terceiro aspecto da fé é chamado de dom carismático da fé e acrescenta um dado novo. “O dom carismático da fé é um poder de Deus que nos move a uma confiança íntima de que Deus agirá. Essa confiança leva a uma oração convicta, a uma decisão, a uma firmeza ou ato que libera a bênção de Deus. Através do dom carismático da fé o Espírito Santo nos dá a certeza de que Deus agirá, de que o poder de Deus irá intervir em alguma situação da vida do homem. Pelo com carismático da fé cremos que Deus opera hoje maravilhas em favor do seu povo. A fé move a manifestação do poder de Deus através do seu Espírito Santo.

    Em Moisés encontramos um exemplo do dom carismático da fé, pois diante das murmurações do povo, ao ver os egípcios se aproximarem, ”verem ao seu encalço” (Ex 14,10), responde: “Não temas! Tende ânimo, e vereis a libertação que o Senhor vai operar em vosso favor: Os egípcios que hoje vedes não os tornareis a ver jamais. O Senhor combaterá por vós quanto a vós, nada tereis a fazer” (Ex 14,13-14). Moisés demonstra a sua fé não só com palavras, mas com obras. Diante da ordem do Senhor, ele prontamente obedece: E tu, levantas a tua vara, estende a mão sobre o mar e fere-o, para que os israelitas possam atravessá-lo a pé enxuto (ex 14,16-21).  Ao lermos no primeiro dos Reis a história que conta o confronto de Elias com os quatrocentos profetas de Baal (1Rs 18,20-40), percebemos que Elias usou o dom carismático da fé, pois agia com muita autoridade e confiança. Parecia que ele já estava vendo aquilo que iria acontecer.

    Jesus Cristo realizou muitos milagres em razão do dom carismático da fé. Encontramos esta fé com centurião que tinha um servo de cama, paralítico, que sofria muito (Mt 8,5-13); na Cananéia (pagã) que suplica a Jesus a cura de sua filha atormentada por um demônio (NT 15,21-28); no oficial do rei que suplica a cura do filho, que estava preste a morrer (Jo 4,43-53). Esta fé se faz presente no meio de pessoas comuns. Humildes, simples, como no caso da homorroíssa (Mc 5,25-34); e dos amigos do paralítico (Lc 5,21); o pai do menino epilético (Mc 924) e também entre um chefe da sinagoga, Jairo, que suplicava a cura de sua filha (Mc 5,35-43). Todos tinham certeza que Deus operava milagres.  Jesus também agia segundo a fé que Ele tinha que o seu Pai iria realizar a sua obra, como é o caso da ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-44). Jesus diz para nós: “Se creres, verás a glória de Deus” (Jo 11,40).

    Jesus ensinou muito aos discípulos sobre o dom carismático da fé: “Tendes fé em Deus... Tudo o que disser a esta monte: Levanta-te e lança-te ao mar, se ela não duvidar no seu coração ele obterá esse milagre (Mc 11, 22-23); “Tudo o que pedirdes com fé na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-a dado” (Mt 11,24); “Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis”” (Mt 21,22); “Em verdade vos digo, se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: “Transporta-te daqui para lá, e ela irá, e nada vos será impossível” (Mt 17,19; Lc 17,6).

    Os Apóstolos realizaram grandes e inúmeros milagres porque foram dóceis à ação do Espírito Santo através do dom carismático da fé. Pedro e João, ao subirem no templo para rezar, encontraram-se com um homem coxo que todos os dias estava à porta do templo a pedir esmola (At 3,1-11). Pedro fitou nele os olhos e disse: “Não temos ouro nem prata, mas o que tenho eu te doeu: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda! Imediatamente os pés e os tornozelos se lhe firmaram” (At 3,6-7).

    É muito importante que nós nos abramos a este dom carismático da fé, da mesma forma que os Apóstolos se abriram e o vivenciaram para a edificação do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Precisamos permitir que o Senhor cada vez mais edifique a nossa fé para sermos canais de edificação da fé dos nossos irmãos, sabendo que ele é o Deus do amor (1Jo 4.816). O dom carismático da fé fará que cada homem e toda Igreja experimentem em suas vidas as maravilhas de Deus de forma concreta e real para o louvor e honra da sua glória.

    A virgem Maria realizou da maneira mais perfeita a obediência da fé. Na fé, Maria acolheu o anúncio e a promessa trazida pelo anjo Gabriel, acreditando que “nada é impossível a Deus” (Lc 1,37) É a fé da Virgem Maria, de Abraão, de Moisés e tantas outras testemunhas da fé que devemos aderir de todo o nosso coração, para que esta mesma fé nos ilumine e nos conduza nos momentos de prova. È esta fé que fará com que “corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é outor e realização da fé, Jesus” (Hb 12,1-2).

    Continuação do carisma de obra e poder

    Carismas dos milagres

    “A um é dado pelo Espírito Santo o dom de milagres” (1Cor 12,10). “Nada vos será impossível” (Mt17,20). O dom dos milagres é também um dom do Espírito Santo, faz parte do cumprimento da promessa de Deus por Jesus: “Em verdade, vos digo, aquele que crê em mim fará obras que eu foco e fará ainda maiores do que estas” (Jo 14,12). O dom do milagre é ação do Espírito Santo para o bem alguém, modifica o curso normal da natureza: O milagre é uma intervenção poderoso, clara, sensível e visível de Deus: curas instantâneas de doenças incuráveis, ressurreição dos mortos, fenômenos extraordinários da natureza ou na criação (Mc 2,4ss).

    Devemos fazer distinção entre milagres e cura; na realidade milagre é uma cura que nenhuma ciência médica poderia conseguir, e que Deus realiza. No segundo caso o Senhor acelera o processo de cura que se poderia conseguir de outra maneira, ou seja, através da medicina, através de uma cirurgia, de medicamentos, de repouso.

    Jesus curou instantaneamente leprosos, paralíticos, deficientes físicos, surdos, mudos, cegos, epiléticos. Ressuscitou mortos, andou sobre as águas, encheu redes de peixes, acalmou tempestades, multiplicou os pães, expulsou demônios. As notícias destes sinais se espalharam por toda a região (Mt 9,26), a multidão exclamava com admiração que “jamais se tinha visto algo semelhante em Israel” (Mt 9,36). Estes mesmos sinais também acompanhavam a pregação dos Apóstolos na Igreja primitiva. “Os espíritos maus temem o seu nome e é em nome dele (jesus) que os discípulos operavam milagres, pois tudo o que pedem ao Pai em seu nome, o Pai lhes concede” (Cat. 434). Jesus conferiu-lhes o poder de expulsar os espíritos imundos e a curar todo mal e toda enfermidade (Mt 10,1), ressuscitar mortos, purificar os leprosos (Mt 10,8), e os apóstolos pela fé em Jesus Cristo e pelo pode do Espírito Santo prolongavam as obras de Jesus Cristo na comunidade primitiva.

    “Cada vez mais aumentava a multidão dos homens e mulheres que acreditavam no Senhor” (At 5, 12-14). “De maneira que traziam os doentes para as ruas e colocando-os em leitos e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, ao menos a sal sombra cobrisse alguns deles” (At 5,15). “Também de cidades vizinhas de Jerusalém afluía muita gente, trazendo os enfermos e os atormentados por espírito imundos, e todos eram curados” (At 5,16). “Estevão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes milagres e prodígios ente o povo” (At 6,8). “A multidão estava atenta ao que Felipe lhes dizia, escutando-o unanimemente, e presenciando os prodígios que fazia. Pois, os espíritos imundos de muitos possessos saíam, levantando grandes brados. Igualmente foram curados muitos paralíticos e coxos. Por esse motivo naquela cidade reinava grande alegria”. (At 8,6-8).

    “Ali achou um homem chamado Enéias, que havia oito anos jazia paralítico num leito. Disse-lhes Pedro: Enéias, Jesus Cristo te cura: Levanta-te e faze tua cama, E levantou-se imediatamente, Viram todos os que habitavam em Lídia e em Sarona, e converteram-se ao Senhor” (At 9,33-35). “... Paulo disse em alta voz: Levanta-te direito sobre os teus pés Ele deu um salto e pôs-se a andar” (At 16, 5). “Deus fazia milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que tinham tocado o seu corpo eram levados aos enfermos; e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os espíritos malignos” (At 19,11-12). “Paulo não hesita afirmar que: “Os sinais distintivos do verdadeiro Apóstolo se realizam em vosso meio através de uma paciência e toda a prova, de sinais, prodígios e milagres” (2Cor 12,12). Vamos nos abrir ao dom dos milagres. Deus quer usar de nós, muito mais do que você espera . Sejamos dóceis e disponíveis ao Senhor. Não aspiremos a alguns dom, apenas. “Procurai ter os carismas em abundância, para a edificação da Igreja” (1 Cor 14,12).

    Continuação do carisma de obra e poder

    Jesus expulsa as forças malignas

    Jesus também libertavam as pessoas das influências do maligno expulsando ao demônio com autoridade e poder. Jesus veio libertar todos os homens do jugo do mal e de todas as opressões. Precisamos, diante desta batalha espiritual, suplicar o auxílio de Deus através da oração de libertação no cotidiano de nossa vida, isto é, “pedir ao Pai que nos livre do maligno, que nos liberte de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais o maligno é o instigador.
    Uma luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história universal da humanidade, iniciada desde a origem do mundo, vai durar até o último dia, segundo as palavras do Senhor. Inserido nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem; não consegue alcançar a unidade interior senão com grandes lutas e o auxílio da graça de Deus (Cat. 409). Conscientes da existência destes espíritos do mal que nos rodeiam como um “leão que ruge”, precisamos estar atentos à sua ação, para percebermos sua manifestação. “Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e daí-nos hoje a vossa paz. “Ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e de todos os perigos, enquanto, vivendo a esperança, aguardamos a vinda de Cristo Salvador” (Cat. 2854).

    Continuação do carisma de obra e poder

    Comece a orar polos enfermos

    Comece como os apóstolos (discípulos) a orar pelas pessoas, para que sejam curadas. Não espere juntar uma platéia para começar. Comece em casa. Em geral, é mais fácil começar pelas crianças. Crianças são muito sensíveis, não têm pecado, nem barreiras. A cura acontece muito facilmente nelas. Você vai crescer na fé, orando e vendo a cura se realizar; vai acreditar ao ver que o Senhor cura por meio de nós. O Senhor quer que você acredite nisso. Não é você que vai curar. Porque o próprio dom de curar as doenças vem do Espírito Santo.

    É o Espírito que cura; nós somos apenas seus instrumentos.  Então, não tenha receio; comece orando por suas crianças, em casa. Por que não rezar o marido pela mulher e a mulher pelo marido, para serem ambos curados? Dormem juntos; por que não rezar um pelo outro? Não é preciso se envergonhar. O casal deve rezar; e assim, o Senhor fará maravilhas. Quando houver vizinhos doentes, vá visitá-los. Quando as coisas são feitas com simplicidade, funcionam. Ore com simplicidade e expectativa. É a oração que leva à cura. Baseado em São Paulo, Dom João Evangelista Martins Terra explica que "cada cura é um carisma especial": Jesus, porque ama aquela pessoa, derrama o Seu Espírito sobre ela, dá um carisma especial, para que aquela pessoa seja curada. Haja de acordo com sua fé. Ela será sempre do tamanho de um grão de mostarda: mas, uma vez que Deus lhe deu a fé, haja de acordo com ela; vá a Jesus, receba de Jesus o carisma e leve-o a quem dele precisa. Faça isso, e assegure à pessoa que estiver doente que o Senhor quer curá-la. Quando acreditamos, o impossível acontece. O Senhor quer hoje que nós, por meio dos dons, dos carismas, sejamos os portadores da cura de Deus. O dom da fé é o que leva em suas engrenagens o dom as cura.
     
    Além da cura física, coisa muito bela, a oração promove cura interior, a cura do coração, da alma, dos sentimentos.  Nem imaginamos o quanto a vida nos fere! Por isso é lindo que haja a cura interior, além da física. O Senhor quer que nos abramos ao dom de orar pela cura interior das pessoas. Você pode estar pensando: "Mas como é que vou orar?" Pedindo pela pessoa, rogando por ela. Quem se sente chamado ao ministério de cura do coração sabe de sua importância. Muita gente gostaria de progredir na vida espiritual e não consegue, por causa dos traumas, dos bloqueios, das feridas, das marcas do próprio passado. Não imaginamos o quanto precisamos disso, quanto os nossos irmãos precisam. Abra-se a esse dom, disponha-se a orar pela cura interior de seus irmãos. Nem espere, no começo, fazer grandes orações; apenas ore, e, se vierem às palavras, ore de acordo com elas. Tenha coragem: comece a rezar, e virá quantas coisas o Senhor vai fazer por meio de você.
     
    A oração de cura interior é eficaz para que todo nosso ser usufrua da dimensão salvífica de Cristo. Na cura interior atinge-se o coração dolorido do ser humano, tão marcado pelo pecado, pela dor, pelo medo, pelas feridas da vida. Orar pela cura interior é tirar do caminho componentes emocionais que são prejudiciais, a fim de que o homem seja livre pela ação do Espírito Santo para melhor servir a Deus. Já tem provas que a maioria das doenças físicas tem causa no interior do homem, daí a necessidade da cura interior.
     
    A cura interior pode acontecer através de pedido e súplica por parte daqueles que oram tendo por base que eles conhecem os problemas e as feridas do irmão que será curado. E pode acontecer também através do dom da palavra de ciência, para casos onde quem vai orar não conheça as causas das feridas que fazem sofrer seu irmão. Este dom de cura interior pode ser ministrado em pessoas individualmente e também em reuniões de grupo.
     
    O Dom da cura física, emocional e espiritual, é dom do Espírito Santo, que deve ser usado por todos os que desejam servir a Jesus em obediência a para que nossos irmãos sejam, livres de todos os males e de toda enfermidade. Jesus curava a todos, porque é o Salvador e tem compaixão dos que sofrem de males e enfermidades. As curas de todo os tipos foram no Ministério de Jesus, sinal de que a salvação havia chegado.

    a) Existem algumas medidas bem simples que fazem parte desta oração para a cura  das enfermidades:  

    • Conhecer a causa da enfermidade, conversando com a pessoa para se ter um diagnóstico da sua enfermidade
    •  Imposição das mãos – Jesus nos orienta assim: “imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados” (Mc 16,18)
    • Abrir-se a todos os carismas ou dons como as palavras de ciência, línguas, fé e dom de profecia enriquecem e purificam o dom da cura. 
    • Oração de Autoridade – Sabendo que “somos curados graças às chagas de Jesus”, apossemo-nos deste poderoso nome e oremos com fé.É muito importante fazer um diagnóstico correto, isto é, verificar se o problema é de ordem física, ou de ordem emocional, ou de ordem espiritual com raízes na vida espiritual. Conhecer, sempre que possível o campo e a origem da enfermidade, para se orar sobre o foco doentio desta pessoa concreta. Muitas vezes temos casos de doenças psicossomáticas, e isto se dá quando no corpo se encontra as conseqüências dos conflitos emocionais; solucionados os conflitos, os efeitos no corpo desaparecem. Se necessário, orar várias vezes; e sempre que possível impor as mãos, pois assim nos manda Jesus. (Mc 5, 23;16,18)
       

    Os carismas de obra e de poder

    O Carisma da cura e da libertação

    O dom da cura, ou graça de curar as doenças é colocado neste texto de forma simples e bem clara: “a outro, a graça de curar as doenças no mesmo Espírito” (1Cor 12,9b). “Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons a cada um como lhe apraz”. O dom das curas foi um dos dons plenamente vivenciados por Jesus. O profeta Isaias, em sua profecia de profundo caráter messiânico, já falava do Jesus que cura quando diz: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção e enviou-me... a curar os corações doloridos, anunciar aos cativos a redenção... a proclamar um ano de graça da parte do Senhor” (Is 61,1-2). Esta profecia foi à passagem lida por Jesus na sinagoga de Nazaré, acrescentando: “Hoje se comprou esse oráculo que vós acabais de ouvir” (Lc 4,14-21).
     
    Depois de proclamar como Messias, Jesus inicia a sua vida pública, que tem um resumo bem característico neste texto de M 4,23-35: “Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando na sua sinagoga, pregando o Evangelho do reino, curando todas as doenças e enfermidades entre o povo. Sua fama espalhou-se por toda a Síria: Traziam-lhe os doentes e os enfermos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos, e Ele curavam a todos”.
     
    O Santo Evangelho narra inúmeras curas, sinais proféticos que identificam o Messias: a cura de um endemoniado na sinagoga em Cafarnaum; a cura da sogra de Pedro; a cura de leprosos; a cura do paralítico levado por seus quatro amigos; cura do homem da mão seca; a cura do possesso de Gerasa; cura da filha de Jairo. A cura da hemorroísa, a cura da filha da mulher Cananéia. A cura do surdo-mudo. A cura do sego de Betsaida; a cura do jovem epilético; a cura do cego Bartimeu, e ouras. O próprio Jesus declara aos discípulos de João Batista que os sinais, as sua obras é que o identificam: “Os enfermos são curados, os endemoniados são libertos, os leprosos são limpos, paralíticos se levantam e os mortos ressuscitam.
     
    No Evangelho de São Mateus encontramos a passagem onde Jesus reúne seus discípulos e lhes confere o poder de curar as enfermidades: “Jesus reuniu seus doze discípulos. Conferiu-lhes o poder de expulsar os espíritos e curar todo mal e toda enfermidade”. Em Lucas encontramos passagem semelhante que diz: “Reunindo Jesus os doze apóstolos, deu-lhes autoridade sobre todos os demônios e para curar as enfermidades. Enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos” (Lc 9,1-2).
     
    Por fim, Jesus confere à Igreja, continuadora de sua missão salvífica, poder e autoridade para pregar o Evangelho e batizar os que cressem. A todos os batizados que cressem prometeu a salvação e a confirmação da fé através de sinais. “Estes milagres acompanharão os que crêem: expulsarão os demônios, em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos, e eles ficarão curados” (Mc 16, 17-18)
     
    Cheio do Espírito Santo, Jesus saiu por todas as partes curando. Da mesma forma, o Espírito quer se manifestar em nós - que somos membros do Corpo de Cristo; as mãos, os pés do Corpo místico de Cristo levando cura àqueles que dela precisam. Grande parte das nossas doenças são chamadas psicossomáticas; são conseqüência de preocupação, ansiedade, angústia, ressentimento, rancor... causam problemas de estômago, vesícula, rim, coluna, dor de cabeça, problemas respiratórios, pressão alta, baixa... São conseqüência de nossos erros e, em profundidade, conseqüência de nossa vida desviada dos caminhos do Senhor.
        
    O dom de cura e o dom da fé estão ligados. Porque acreditamos, oramos pelas pessoas, como Jesus mandou: "Em qualquer casa onde entrardes, dizei: Paz a esta casa. Se ali houver algum doente, orai por este doente. Recebestes de graça, de graça dai" (...) E o Senhor garante: "E a oração da fé salvará o enfermo. E o Senhor o levantará".

    Jesus não apenas mandou fazer, mas deu o exemplo. Os apóstolos viam Jesus fazendo constantemente isso. Quando ele chegou à casa de Pedro, viu que a sogra de Pedro estava doente, com uma febre altíssima. Jesus orou por ela, orou com expectativa, e a cura aconteceu. Era assim constantemente, e os apóstolos aprenderam. Quando foram mandados dois a dois, ao voltarem, contaram às maravilhas que o Senhor realizara.


    Continuação do carisma da palavra

    A profecia acontece depois de um louvor

    “A profecia acontece depois de um louvor a Deus, em línguas, em oração ou quando um cristão se recolhe na sua oração pessoal. Após este louvor, segue-se um silêncio de escuta a Deus e recebimento da unção, que pode vir através de um senso da presença de Deus, um impulso, um formigamento nos dedos, um calor pelo corpo todo, ou um batimento rápido de coração, sentimento que está “inchando”, certo receio, medo, temor sensação nas costas, nos lábios, aperto no peito, sensação estranha que nasce no estômago, impressão de um vento que sopra nas mãos ou forma que o Senhor acha melhor ungir”. (cf. livro carismas. O dom da profecia, pode se manifestar através de uma palavra de um sentimento, em línguas que requer um interpretação (1Cor 1,14), de um canto, de uma visão (At 10,9-48) com o entendimento espiritual de um sonho (Nm 12,6). Nem todos os sonhos, mas quando é da vontade do Senhor, Ele pode nos dar uma mensagem em sonhos.  Ed. Santuário, Aparecida, São Paulo, Brasil, p. 101). O

    Continuação do carisma da palavra

    Discernimentos da profecia

    Apesar de não devermos desprezar a profecia devemos passá-la pelo crivo do discernimento (1Cor 12,3). “É essencial que as examinemos se são divinas, humanas ou diabólicas” (1Ts 5,21). A falsa profecia sempre contradiz as escrituras, a Tradição e o Magistério da Igreja; pois causa mal estar espiritual. Vê-se logo que não procede do Espírito, por seus efeitos negativos.  O próprio Jesus nos adverte sobre isto: “Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a nós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores” (Mt 7,15). Deus pode se utilizar da própria palavra, de visões, sentimentos, para confirmar a veracidade da profecia. O apóstolo Paulo nos adverte dizendo: “Não extingais o Espírito; não desprezeis as profecias, mas examinai tudo, retendo o que é bom”. Profecias produzem frutos (Mt 7,20). “Vós os conheceis pelos frutos”. Sempre darão bons frutos: conversão, curas, processo de vida nova, louvor. Uma palavra vinda do Senhor sempre tocará o coração e imediatamente provocará uma resposta do próprio coração, como: louvor, contrição, súplica. Mesmo uma correção será respondida com louvor, com exultação.

    “A profecia pode revelar acontecimentos futuros desde que seja com objetivo de fazer as pessoas se  converterem e viverem mais santamente. Mas o objetivo da profecia não é simplesmente revelar acontecimentos, futuros ou presentes. Seu objetivo é transmitir uma mensagem divina, pelo poder do Espírito Santo, mensagem esta que penetra o mais profundo do coração do homem, o atrai para uma vida com Deus cada vez mais intensa passando a viver aquilo para o qual foi escolhido, predestinado, para servir à celebração da glória de Deus”. (cf. livro carismas Ed. Santuário, Aparecida, São Paulo, Brasil, 1994 p. 102)

    sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

    Continuação do carisma da palavra

    A forma como ocorre o dom da profecia

    Quanto os dons do Espírito são usados, haverá sempre paz, alegria, mesmo quando para corrigir, pois traz a presença do Senhor. Não planejamos o que falar, as palavras brotam no coração, pois vem do coração do Senhor; a profecia exprime sua vontade, seu querer. A profecia é um dom ao qual nos submetemos voluntariamente. Não é lago imposto. O que é ideal é que as transmissões das profecias sejam feitas de maneira adequada, em voz alta, clara, de modo compassado e humilde, pois é assim que o Espírito Santo atua através de nós.   Nós recebemos o que o Senhor tem em sua mente e em seu coração e repetimos as sua palavra. Ele fala diretamente a alguém que, por sua vez, se disporá a partilhar com a comunidade, um indivíduo, ou para si mesmo. Ela vem com uma ou duas palavras e à medida que as repetimos, outras se seguem. Também pode ser uma imagem ou símbolos. Então o tipo de profecia pode ser profecia comunitária: quando a palavra do Senhor é em nível comunitário; pode ser profecia individual: quando o Senhor fala a uma pessoa individualmente quando oramos por ela; ou pode ser profecia pessoal: quando o Senhor fala ao nosso próprio coração. 

    A mensagem vem na primeira, ou na segunda pessoa do singular. Exemplo: “Eu te amo”; Tu és meu povo eleito!’. Ou na segunda pessoa do plural: “Vós deveis voltar a mim! “Vós sois o meu povo predileto”. Se possível, guardar por escrito as profecias (o momento, o dia, a hora, quem pronunciou as palavras ditas etc.); muitas delas serão, posteriormente, confirmadas pelos fatos que ocorrerão na comunidade. Não vamos orientar nossa vida apenas por uma ou duas profecias. Temos que ver o que o Senhor está falando através de sua Escritura, através de bons livros, ensinos, homilia, o que a Igreja diz. A profecia não é uma repetição de testos Bíblicos. Uma leitura de um texto ou proclamar versículos da Bíblia. A profecia é falar às palavras que o Senhor põe no seu coração para aqui e agora.

    A palavra de profecia, quando falada em línguas deve ser interpretada, “Caso não haja quem interprete, guarde silêncio na reunião, falando a si mesmo a Deus”. (1cor 14-28) O carisma da profecia é para a edificação da comunidade e dos seus membros. ”Aquele, porém, que profetiza fala aos homens, para edificá-los, exortá-los e consolá-lo” (1Cor 14,3 “Todos, um após outro, podem profetizar, para todos aprenderem e serem todos exortados” (Cor 1,14-30).

    A profecia acontece depois de um louvor

    A profecia acontece depois de um louvor a Deus, em línguas, em oração ou quando um cristão se recolhe na sua oração pessoal. Após este louvor, segue-se um silêncio de escuta a Deus e recebimento da unção, que pode vir através de um senso da presença de Deus, um impulso, um formigamento nos dedos, um calor pelo corpo todo, ou um batimento rápido de coração, sentimento que está “inchando”, certo receio, medo, temor sensação nas costas, nos lábios, aperto no peito, sensação estranha que nasce no estômago, impressão de um vento que sopra nas mãos ou forma que o Senhor acha melhor ungir”. (cf. livro carismas. O dom da profecia, pode se manifestar através de uma palavra de um sentimento, em línguas que requer um interpretação (1Cor 1,14), de um canto, de uma visão (At 10,9-48) com o entendimento espiritual de um sonho (Nm 12,6). Nem todos os sonhos, mas quando é da vontade do Senhor, Ele pode nos dar uma mensagem em sonhos.  Ed. Santuário, Aparecida, São Paulo, Brasil, p. 101). O


    “A profecia pode revelar acontecimentos futuros desde que seja com objetivo de fazer as pessoas se converterem e viverem mais santamente. Mas o objetivo da profecia não é simplesmente revelar acontecimentos, futuros ou presentes. Seu objetivo é transmitir uma mensagem divina, pelo poder do Espírito Santo, mensagem esta que penetra o mais profundo do coração do homem, o atrai para uma vida com Deus cada vez mais intensa passando a viver aquilo para o qual foi escolhido, predestinado, para servir à celebração da glória de Deus”. (cf. livro carismas Ed. Santuário, Aparecida, São Paulo, Brasil, 1994 p. 102).

    Carismas da palavra

    Dom da profecia ou palavra de revelação



    “Aspirai igualmente aos dons espirituais, mas, sobretudo, ao da profecia” (1Cor 14,1). Profetizar é falar em nome de Deus. É dizer uma mensagem de Deus para o homem. É uma mensagem de Deus pessoal e para agora, para o momento em que estamos vivendo. É um diálogo de Deus com os homens: “Aquele, porém, que profetiza fala aos homens, para edificá-los, exortá-los e consolá-los” (1Cor 14,3). É Deus que nos fala através de uma pessoa para nos orientar, corrigir, exortar, encorajar, falar do seu amor e nos levar a amar mais a Ele e a nossos irmãos.

    *  Edificação: “construir. A profecia é dada para edificar a Igreja, para construí-la espiritualmente, e elevá-la. Exemplo de edificação: “Povo meu, deixa vossos corações entoarem cânticos para mim, pois vosso Senhor e vosso Deus se rejubila, em vós. Alegrai-vos!”

    *    Exortação: Será uma palavra de chamada de atenção. Exemplo de exortação: “Sabei que eu sigo adiante de vós, sabei que vou adiante e vós, povo meu. Segue-me! Segui-me e sabei que estou convosco aonde fordes e o que quer que façais”.

    *   Consolação: Reanimar. Exemplo de consolação: “Deixai que minha paz vos encha, deixai, filhinhos meus, vossa perturbações e vossas preocupações, em meu coração. Na quietude de vossos corações deixai que o meu Espírito Santo vos assista.