Temos dificuldades em aceitar tudo o que não provém da razão. Mas na medida em que cedemos ao dom, e abrimos o coração e a mente, as dificuldades vão desaparecendo. No entanto, ao orarmos com esses sons ininteligíveis não deixamos de estar conscientes. Sabemos perfeitamente o que estamos fazendo, pois oramos com a nossa língua e com a nossa vontade, por isso somos livres para começar e terminar quando queremos.
É um dom que leva o fiel a glorificar a Deus em uma linguagem não convencional, inspirada pelo Espírito Santo, e que provém de uma profunda atitude de adoração; é uma forma de louvar a Deus e uma real maneira de se falar com Ele. O dom de línguas vem aprofundar e enriquecer a nossa vida de oração, a nossa vida de intimidade com o Pai. O dom da língua torna o homem interior livre, suas palavras coincidem com o que se passa no mais íntimo do seu coração, ele está inteiramente em Deus e ambos se compreendem e se unem. O dom de línguas é um dom que edifica o homem interiormente. O Espírito refaz o ser de quem ora, ele não se limita a nos ensinar a orar, mas ele próprio ora em nós.
Em pentecostes, os discípulos, junto com Maria, ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a orar, a louvar, a cantar numa língua nova, a língua do Espírito. Alguns interpretaram o acontecimento e disseram: "Eles louvam a Deus, estão cantando as glórias de Deus.."Outros estavam ali como curiosos, brincando, zombando, dizendo que os discípulos estavam bêbados. Pedro explicou: "Não estamos bêbados; pelo contrário, está se cumprindo a profecia de Joel".
Quando nós somos batizados no Espírito Santo, a primeira coisa da qual nos enchemos é de oração. E por que isso? Porque o Espírito Santo é a ligação entre o Pai e o Filho. A oração é a comunicação entre o Pai e o Filho; o Filho que fala ao Pai e o Pai que fala ao Filho. A beleza da intimidade que acontece dentro da Trindade é feita pelo Espírito Santo. O Espírito Santo é oração. Além disso, Ele é a ligação entre Deus e nós. A oração que vai e a oração que volta.
O problema é que a oração em línguas nos humilha, faz com que nos ajoelhemos, toquemos com nossa cabeça o chão. Somos orgulhosos, vaidosos, auto-suficientes; queremos fazer tudo de acordo com nossa vontade, não temos o gozo dos sentidos, da nossa sensibilidade, da nossa inteligência. No início, quando começamos a orar em línguas, a oração se torna uma satisfação e uma vaidade. Mas depois, quando passamos a orar todos os dias, o dom de línguas se torna algo muito simples. Muita gente não ora em línguas porque tem medo, porque acha que orar em línguas é entrar em transe. E não é nada disso: entrar em transe não é orar no Espírito. Se há transe, já não se está mais em Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário